quinta-feira, 23 de junho de 2016

Procuradoria de Justiça Militar apura fiscalização de armas das polícias


Do G1 Rio
A Procuradoria de Justiça Militar abriu uma investigação para saber se há irregularidades na fiscalização das armas usadas pelas polícias no Brasil. Um levantamento da Secretaria Nacional de Segurança Pública mostra problemas em armas usadas por policiais em vários estados brasileiro.
Conforme informou a GloboNews, que vem acompanhando uma série de denúncias de falhas graves em armas fabricadas no país e vendidas para as forças de segurança, o grande número de denúncias motivou a investigação da Procuradoria de Justiça Militar.
Entre os problemas relatados são armas que travam no momento do disparo, ou que atiram sem que o gatilho seja apertado ou cartuchos que não são ejetados corretamente. São falhas graves relatadas por policiais que se feriram com armas da fabricante Taurus.
Denúncias antigas
O Ministério Público do Distrito Federal também instaurou, na semana passada, um inquérito civil para investigar os casos. Porém, em 2013 o Ministério da Justiça já tinha sido alertado dos problemas.
A GloboNews teve acesso, com exclusividade, a um relatório reservado da Secretaria Nacional de Segurança Pública. O documento, de 55 páginas, relata problemas em armas da Taurus usadas pelas polícias de oito estados do país.
Em goiás, por exemplo, 61% das pistolas compradas da Taurus em 2013 precisaram de reparo ou substituição.
Na conclusão do relatório, a Secretaria recomenda, entre outras medidas, a criação de um banco de dados junto às forças de segurança que inclua informações sobre falhas com  armamentos; que seja criada uma padronização e uma normatização da fabricação dos equipamentos e que o processo de aquisição de armas para a Força Nacional de Segurança seja feito em âmbito internacional, ou seja, que inclua fabricantes estrangeiras.
A Taurus afirmou que a administração atual da empresa assumiu a gestão no ano passado e não tem conhecimento do relatório.
Além da Taurus, as armas de outra fabricante, a Imbel, também apresentaram falhas em dois estados.
A fabricante de armas Imbel disse, em nota, que não procede a afirmação dos técnicos da Secretaria Nacional de Segurança Pública de que as armas não são adequadas à atividade policial e que não recebeu solicitação de instituições policiais para manutenção. A Imbel afirma ainda que, desde 2014, a Secretaria adquiriu mais de 10 mil pistolas.
Apesar de os casos começarem a ser investigados em 2013, o Exército afirmou, em nota, que tomou conhecimento de problemas com armas da Taurus em 2015 e que, na época, a empresa solucionou os defeitos.
Diante de novas denúncias de falhas, o Exército instaurou procedimento investigativo e fez umainspeção na fábrica da empresa em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.
O reforço na fiscalização da qualidade das armas pode ajudar a evitar novos acidentes como o que feriu o policial civil Luciano Vieira. Quando ele tirou a arma do coldre a arma caiu acidentalmente no chão e disparou contra ele. “Quando caiu ela disparou, me atingindo no mamilo direito, embaixo da costela, e saindo nas costas”, contou.
O policial ficou uma semana na UTI e seis meses em recuperação. “Um policial que é vítima de acidente de arma de fogo sem que ele encoste na arma, nunca mais ele vai se sentir seguro para trabalhar novamente”, revelou Luciano Vieira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário