terça-feira, 31 de maio de 2016

Qualidade das safras sofre com estiagem em Santa Leopoldina, ES


Fábio LinharesDa TV Gazeta
Os produtores rurais de Santa Leopoldina, região serrana do Espírito Santo, esperam por queda na produção. O Estado, que já decretou situação de emergência, enfrenta uma extensa crise hídrica. 
Na localidade de ponte de Nazaré, em Santa Leopoldina, a propriedade da família do Guilherme, 28 anos, tem 237 cabeças de gado, 50 pra produção de leite. O tempo seco dificulta a alimentação dos animais e faz com que o gado de corte não engorde e a produção do leite caía.
“O capim secou e a gente ainda faz o possível, compra silagem, faz silagem, busca até fora, em Santa Teresa, Santa Maria. A gente corre atrás para não deixar o animal passar necessidade” declara o produtor. 
Na propriedade do Everaldo Schumacker, em Ribeiro Limpo, os 23 hectares de plantação de café estão secos. A colheita, que antes durava dois meses, vai acabar em duas semanas. O reflexo da falta de chuva é visto nos grãos pequenos e de baixa qualidade.
“Não está um grão formado, as rosetas do café está pequena. Se não chover em 30 dias, o prejuízo será imenso para a safra de 2017, 2018. O café colhido está com uma péssima qualidade, dá para vender, mas com o preço inferior ao que se tem no mercado hoje”.
A estimativa do Instituto Capixaba de Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) é de que em todo município de Santa Leopoldina, a colheita de café deste ano seja a metade do previsto.
O técnico do Incaper, João Paulo Ramos, explica que a planta não formou e o café Conilon precisa formar em um ano para produzir no outro.
“Os produtores estão simplesmente colhendo o que tem e parando, porque agora chegou no inverno e a previsão é não ter chuva para molhar a terra e para encher os reservatórios. O que a gente está torcendo agora é para que chova para que as comunidades rurais não fiquem sem água para beber” diz João Paulo.
Na propriedade do Everaldo, dos dois mil pés de mexerica plantados o produtor não esperar colher nada. Na plantação de inhame, das mil sacas colhidas no ano passado, este ano devem render 150. “A mexerica não vai dar o tamanho para a comercialização, vai ser 100% de perda.
Diene Bremenkamp, engenheira agrônoma da prefeitura, aconselha para que quando vier a chuva, os produtores façam caixas secas para armazenar água.
A Prefeitura de Santa Leopoldina informou que está estudando a possibilidade de decretar estado de emergência por causa da seca.
Rio Santa Maria da Vitória
Muitos produtores do município não tem sistema de irrigação e contam com a chuva, que há três anos não vem na quantidade suficiente. O rio Santa Maria da Vitória, que corta o município, a água não está mais chegando na primeira régua de medição.
O presidente do Comitê da Bacia do Rio Santa Maria da Vitória, Roberto Ribeiro, explica que a vazão média histórica para essa época do ano no Rio Santa Maria é de mais de 10 mil litros por segundo. A situação é considerada crítica quando chega a 3.800 litros. A média atual é de 2900 litros por segundo.
Para o presidente do comitê da bacia do rio Santa Maria da Vitória faltam políticas públicas que resolvam o problema e que a cobrança pelo uso da água pode ser um caminho.
“A cobrança que pode ser implantada a partir deste ano, início do próximo ano, vem com um sentido educativo, que passa a dar um valor para a água que hoje ela não tem. A conscientização é mais importante que a arrecadação, mas vamos ter um montante de recurso, que o comitê, através de sua Agência de Bacia vai poder começar a desenvolver ações a longo prazo para a recuperação do manancial”, declara Roberto.

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