terça-feira, 15 de setembro de 2015

'Maníaco da Ilha do Boi' também tentou matar delegado e juiz no ES


Duas pessoas na lista eram Danilo Bahiense e o juiz Paulino José Lourenço.
Antúlio torturou e manteve em cárcere privado a esposa e três filhos.

Do G1 ES, com informações de A Gazeta
Por duas vezes, o homem que ficou conhecido como o “maníaco da Ilha do Boi”, Antúlio Gomes Pinto, tentou matar o delegado Danilo Bahiense, que investigou os crimes por ele cometidos, e o juiz que o condenou. A informação é do próprio Bahiense.
Antúlio torturou – com ferro quente, socos e pancadas – e manteve em cárcere privado a esposa e três filhos. No período fez o mesmo com mais cinco mulheres, duas conseguiram fugir. Os corpos de outras três nunca foram encontrados. Foi condenado a 101 anos de prisão.
Antúlio Gomes Pinto foi condenado por tortura, cárcere privado, maus-tratos, estelionato e lesão corporal  (Foto: Fábio Vincentini/ A Gazeta)Antúlio Gomes Pinto foi condenado por tortura, cárcere privado, maus-tratos, estelionato e lesão corporal (Foto: Fábio Vincentini/ A Gazeta)

Fugiu para Minas Gerais, onde praticou crimes semelhantes. Foi condenado, e o total de suas penas, somadas, totalizou 106 anos de prisão. No início deste ano, a Justiça concedeu a ele indulto humanitário, com o argumento de que sua saúde está precária. Segundo seu advogado, Lécio Silva Machado, “ele não mexe o corpo do pescoço para baixo”.
Planos
As tentativas para matar Bahiense e o juiz Paulino José Lourenço ocorreram em 2006, logo após o comerciante de pedras preciosas ser sentenciado pela Justiça, e em 2008. “A última vez ele já estava na prisão e em uma cadeira de rodas”, relatou o delegado.
Delegado Danilo Bahiense falou sobre operação realizada em 73 municípios do estado, (Foto: Reprodução / TV Gazeta)Delegado Danilo Bahiense
(Foto: Reprodução / TV Gazeta)
As informações sobre a primeira tentativa para assassiná-lo, segundo Bahiense, foram descobertas pela área de inteligência da polícia. Antúlio teria contratado dois pistoleiros paulistas para fazer o serviço, a um custo de R$ 300 mil.
Os dois contratados chegaram a vir ao Estado e se hospedaram na casa de um traficante, em Jacaraípe. “Desistiram por não terem recebido e porque matar um delegado e um juiz chamaria a atenção”, contou.
Na ocasião, acrescentou Bahiense, a ex-modelo, mãe dos três filhos de Antúlio, já estava no Programa de Proteção a Testemunhas (Provita). “Ele não a encontrou”.
A segunda tentativa ocorreu em 2008, quando Antúlio estava preso e já tinha sofrido o acidente vascular cerebral (AVC) que o deixou na cadeira de rodas. Segundo o delegado, nesta ocasião ele contratou um preso que já tinha sido ex-policial civil e ex-policial militar em outro Estado, e que estava para deixar a prisão capixaba.
“Um outro preso nos informou. Colhi o depoimento de todos”, disse Bahiense informando que toda a documentação foi enviada para o Tribunal de Justiça (TJ). “Havia risco de morte de um juiz e eles precisavam tomar providências”.
Para Bahiense, Antúlio é um psicopata. “Ele não faz, manda fazer. Se a mente dele tiver boa é o suficiente”, pontuou.
Lembra que durante as investigações, seu colega, o delegado André Cunha, foi ao Rio de Janeiro, ao hotel onde uma jovem teria sido morta por Antúlio. “As parte do corpo foram jogadas no mar. Mas a perícia encontrou vestígios de muito sangue no local”, contou.
Ele se refere ao assassinato de uma das três mulheres que teriam sido mortas por Antúlio. Elas também ficaram no cativeiro com as crianças e a ex-modelo que contou em seu depoimento à Justiça detalhes das mortes. Após tortura e espancamento, as três teriam sido mortas e esquartejadas.

Entenda o caso
1995
Apresentação
A ex-modelo, então com 19 anos, encontra Antúlio Gomes Pinto, de 41 anos, em um shopping em Vitória. De lá vai para o apartamento do comerciante e tem início a sua saga de espancamentos e torturas que se seguiriam na próxima década, quando teria com ele três filhos.

2005
Fuga
A ex-modelo consegue fugir, com os três filhos, de um apartamento onde a família vivia, na Ilha do Boi, em Vitória. É levada a uma delegacia, onde relata sua história.

Mortes
Mulheres
No relato à polícia, a ex-modelo conta ter presenciado a morte de outras três mulheres: Thaís Nascimento Cordeiro, 21, em 1996, no Rio de Janeiro; Fabiana Grijó, em 1997, em Belo Horizonte; e Dayse Libard Saldanha, em 1998, em Teófilo Otoni, ambos em Minas Gerais.

Corpos
Sumidos
As jovens teriam sido esquartejadas dentro das casas onde Antúlio morou com elas; partes dos corpos foram espalhadas

2006
Condenação
Antúlio foi condenado pelos crimes a mais de 100 anos. Em 2010, vai para prisão domiciliar por decisão do Tribunal de Justiça, com o argumento de que estava cadeirante após um AVC. De Colatina foge para Minas Gerais.

2013
Nova prisão
É preso após manter sua nova mulher e o filho em cárcere privado, em Minas. Em fevereiro desse ano a Justiça mineira concede a ele um indulto humanitário e perdoa sua pena “por seu estado de saúde grave”, diz o texto da decisão judicial.
* Com informações de Vilmara Fernandes, do jornal A Gazeta.

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