segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Beltrame afirma que polícia poderá voltar a recolher menores no RJ


Secretário diz que modelo de abordagem pode voltar a ser o de agosto.
Ele afirma que setor de inteligência da polícia detectou 'justiceiros'.

Alba Valéria MendonçaDo G1 Rio
  •  
José Mariano Beltrame fala sobre fim de semana de arrastão no Rio (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1  Rio)José Mariano Beltrame fala sobre fim de semana de arrastão no Rio (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1 Rio)
Após se reunir com o comandante-geral da PM, o secretário de Segurança Jose Mariano Beltrame disse que se os outros órgãos minicipais não dividirem com a polícia as responsabilidades de cuidar de menores desacompanhados e sem recursos para voltar para casa nas praias, a corporação vai voltar a recolher jovens em atitudes suspeitas. Beltrame pretende ainda na tarde desta segunda-feira contatar a Prefeitura do Rio e charmar Guarda Municipal, Secretaria de Ordem Pública, Secretária de Desenvolvimento Social e Polícia Civil.
Segundo o secretário, a decisão visa evitar até problemas de linchamento em áreas perto da orla. "Se ninguém atender meu chamado, voltarei com as ações de recolhimento o de menores como aconteceu em agosto, já neste fim de semana. A polícia foi tolhida em sua missão de prevenção. Muito me preocupa é que temos um outro problema que o setor de inteligência detectou ontem e hoje que é o de pessoas se preparando pra fazer justiça com as próprias mãos, com risco de linchamentos", afirmou.
O secretário disse que a questão da vulnerabilidade dos menores deve ser apreciada por órgãos municipais, que deveriam chamar os pais às responsabilidades.
"Como é que deixam um menor sair de casa só de sunga , a quilômetros de distância de casa, sem dinheiro pra voltar pra casa, sem dinheiro pra comer, pra beber numa situação de completa vulnerabilidade? Isso não é responsabilidade da polícia. Os setores que investigam a questão da vulnerabilidade que assumam seus papéis. Jamais faremos juízo de valor. Não recolhemos esse jovens porque achamos que eles vão praticar crimes. O recolhimento que fazíamos antes não era racismo nem segregação de pessoas. A gente quer saber onde estão os pais desses menores. Se não deixarem a polícia trabalhar continuaremos a enxugar gelo", disse Beltrame.
Beltrame destaca que há um ano aproximadamente não ocorria um arrastão nas praias e que não tem dúvidas de que os episódios do fim de semana foram motivados pelo afrouxamento nos cercos feitos aos ônibus. E voltou a dizer que se tiver de agir e recolher menores em situação de vulnerabilidade sem flagrante de delito o fará, "sempre convidamos os órgãos responsáveis para participar das ações, mas eles alegam que não tem pessoal. Vamos pedir ao prefeito que nomeie pessoas pra isso. A atuação já está organizada falta a ação efetiva desses órgãos. Se isso não ocorrer vamos agir porque temo por um problema maior que é o linchamento de um menor . Aí, em vez de um problema teremos dois.Vvivemos um momento de ressaca de direitos, mas todo direito corresponde a um deverá, uma responsabilidade e precisamos equilibrar essa questão. Não pode ficar tudo nas costas da polícia",  enfatizou Beltrame.
Mais cedo, em entrevista à CBN, Beltrame, disse que a polícia está “constrangida” para agir para coibir jovens que praticam arrastões nas praias. Há dez dias, depois de uma ação movida pela Defensoria Pública, a justiça do Rio proibiu que policiais apreendessem menores sem flagrante.
“Se a polícia atua, abusa do poder, se não atua está prevaricando. Conseguiram constranger a polícia”, afirmou o secretário, que disse que vai “trazer" órgãos responsáveis por menores para auxiliar a atuação da polícia no patrulhamento. Ele vai debater o esquema de policiamento da orla em reunião com oficiais no Centro do Rio na tarde desta segunda. Ele anunciou a volta da abordagem em ônibus.
Estudante registrou em vídeo um grupo agredindo um rapaz, supostamente após tentativa de roubo em Copacabana (Foto: Isabella Casa Branca / Arquivo Pessoal)Estudante registrou em vídeo um grupo agredindo
um rapaz, supostamente após tentativa de roubo
 (Foto: Isabella Casa Branca / Arquivo Pessoal)
Beltrame disse ainda que foi cobrado pessoalmente pelos problemas registrados em bairros da Zona Sul durante o fim de semana. "Ontem foram reclamar na minha casa o número de situações de ontem. Respondi que vocês tem que reclamar em outra casa. A polícia não tem que ficar mirando um jovem para ver se ele vai cometer alguma coisa", contou. Beltrame criticou ainda pessoas que "fazem justiça com as próprias mãos" durante situações como as de ontem — moradores de Copacabana relataram espancamento de jovens suspeitos de roubos na região. Ele aproveitou para questionar a revogação do Estatuto do Desarmamento e afirmou que mais pessoas armadas em situações como a de ontem poderia ter gerado um "banho de sangue".
Defensoria nega relação entre decisão judicial e onda de crimes
Por meio de nota, a Defensoria Pública afirmou que o Habeas Corpus que impede a apreensão de crianças e adolescentes sem flagrante delito, concedido pela Justiça no dia 10 de Setembro, apenas assegura o cumprimento do que já estava previsto na Lei. "O Estatuto da Criança e do Adolescente impede apreensão sem flagrante ou ordem judicial de autoridade competente", diz o texto.
O órgão ainda afirmou que comandantes de vários batalhões da PM foram comunicados durante audiência que contou com o juiz da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, que a decisão judicial não proíbe a abordagem de menores suspeitos de atos ilícitos. "Entendemos que o direito de ir e vir deve ser respeitado, bem como o direito à segurança por toda a população, qualquer que seja seu endereço", acrescenta o texto.
Tem alguma notícia para compartilhar? Envie para o VC no G1 RJ ou por Whatsapp e Viber.

Nenhum comentário:

Postar um comentário