segunda-feira, 13 de julho de 2015

Petroleiros paralisam suas atividades no próximo dia 24


CAPA-PM_1888No próximo dia 24, a FUP e seus sindicatos convocam os petroleiros para uma greve nacional de 24 horas, contra o novo plano de Gestão e Negócios aprovado pelo Conselho de Administração da Petrobrás, que prevê cortes de 89 bilhões de dólares nos investimentos e despesas da empresa, além de venda de ativos que poderá reduzir em 57 bilhões o patrimônio da estatal. Isso significará o desmantelamento do Sistema Petrobrás, colocando em risco empregos, direitos e conquistas sociais. A BR já está em processo de abertura de capital e outros ativos estratégicos serão entregues ao mercado, se os trabalhadores não barrarem esse ataque.
Por isso, os petroleiros que participaram da 5ª Plenafup, realizada entre os dia 01 e 05 de julho, em Guararema (SP), aprovaram por unanimidade que a prioridade da categoria é a luta em defesa da Petrobrás e do pré-sal. A Plenária acolheu as pautas de reivindicações aprovadas nos congressos regionais, que foram encaminhadas para discussão em um Conselho Deliberativo ampliado, que a FUP e seus sindicatos realizarão na primeira semana de agosto, em Brasília.
Também por unanimidade, a 5ª Plenafup aprovou o indicativo de uma grande greve nacional e uma pauta política unificada, que já foi protocolada na Petrobrás no dia 07, onde os petroleiros se manifestam contra os desinvestimentos e propõem ações para que a estatal continue sendo como uma empresa integrada de energia, investindo e gerando empregos no País, em todos os segmentos em que atua. Acesse a íntegra da pauta na página da FUP: http://migre.me/qHMHg
Luta inspirada em 1995
Os sindicatos já iniciaram assembleias, que prosseguem até o dia 17, onde os trabalhadores estão aprovando os indicativos da FUP de estado de greve e de assembleia permanente. Na terça-feira, 14, os petroleiros iniciam uma série de mobilizações, com atos em Brasília e em diversas unidades da empresa, que culminarão na paralisação de 24 horas no dia 24 de julho. É apenas o começo de uma árdua batalha, que remonta a 1995, quando os trabalhadores da Petrobrás realizaram a maior greve da categoria e impediram a privatização da empresa. Vinte anos depois, os petroleiros são novamente chamados à luta.
Editorial
O protagonismo dos petroleiros no atual momento político
Toda vez que a Petrobrás e a soberania estiveram sob ameaça, os petroleiros reagiram, assumindo a linha de frente de batalhas históricas, como a de maio de 1995, quando enfrentaram os demandos de FHC, ocupando por mais de 30 dias as principais refinarias. A maior greve feita pela categoria impediu a privatização da empresa e agora, 20 anos depois, os petroleiros são chamados novamente à luta, em um dos momentos mais difíceis da história da Petrobrás e do País.
Setores que nunca tiveram qualquer compromisso com a Nação se aproveitam da fragmentação e da fragilidade do governo para tentar desintegrar o Sistema Petrobrás, entregar o pré-sal e atacar a democracia. Os petroleiros precisam reagir a esse desmonte e apontar para os setores organizados da sociedade que é na luta e nas ruas que iremos disputar os rumos do País. Cabe à nossa categoria o protagonismo de mais uma vez levantar-se e impedir que todas as conquistas garantidas pelos trabalhadores nos últimos 13 anos virem pó.
Essa é uma guerra que já está em curso, com a direita e os conservadores se impondo no Congresso, no governo e no judiciário. Como nos anos 90, a classe trabalhadora e os movimento sociais estão novamente no centro dessa disputa. Ou reagimos o quanto antes, ou vamos perder tudo o que conquistamos.
Os petroleiros realizaram uma plenária histórica, com encaminhamentos políticos de vanguarda, que demonstram a coragem e a maturidade da nossa categoria. Estamos construindo uma ampla aliança com os movimentos sociais, estudantes, metalúrgicos, trabalhadores da BR e da construção civil, camponeses, professores, químicos, vigilantes, entre outras categorias. O efeito imediato dessa importante unificação de forças foi a derrubada do regime de urgência para o PLS 131 (veja matéria na página 03).
A luta, portanto, é o único caminho a ser seguido. Em 2015, os petroleiros estarão na vanguarda desse enfrentamento, fazendo novamente história, inspirados na greve que 20 anos atrás foi fundamental para impedir a privatização da Petrobrás. Assim como em 1995, a coragem será a senha da categoria, pois não há tempo a perder.
Calendário de luta
• 07 a 17 de julho – assembléias para deliberar sobre estado de assembléia permanente, estado de greve e contribuição assistencial de 2% para luta em defesa da Petrobrás e contra a entrega do pré-sal
• 14 de julho – ato em Brasília, em defesa da Petrobrás e da democracia
• 15 de julho – reunião com a Petrobrás para defesa da Pauta Política Unificada
• 14 a 23 de julho – atos em defesa da Petrobrás, por segmentos: dia 14 nas unidades do gás e energia e nas usinas de biodiesel; dia 16, nos terminais da Transpetro; dia 17 nas refinarias; dia 21, nas bases do E&P e dia 22, nas unidades administrativas
• 24 de julho – greve de 24 horas
• Primeira semana de agosto – Conselho Deliberativo da FUP ampliado, em Brasília
Mulheres Petroleiras repudiam agressão à Dilma
Durante a 5ª Plenafup, o Coletivo de Mulheres Petroleiras da FUP divulgou uma carta de repúdio aos adesivos sexistas que circulam na internet, utilizando a imagem da presidente Dilma Rousseff em fotomontagens que simulam cenas de estupro. “Isso não é manifestação de liberdade de expressão, mas sim a manifestação de um machismo inaceitável com a Presidenta, com as brasileiras, com as mulheres”, destaca o documento. As petroleiras manifestaram seu apoio e solidariedade à presidente e também cobraram dela empenho na defesa da Petrobrás e do pré-sal. Na carta encaminhada à Dilma, elas ressaltam que a agressão sofrida pela presidente “evidencia que faltam argumentos políticos e embasados em fatos, análises sérias e dados convincentes para respaldar as críticas contra o governo”. Para as petroleiras, esse tipo de violência é conseqüência da forma como a direita e os setores conservadores vêm reagindo às políticas públicas de empoderamento das mulheres.
Acesse a integra do documento na página da FUP: http://goo.gl/X6KpMF
Primeira vitória na defesa da Petrobrás e do pré-sal
Pressão da FUP derruba urgência do PLS 131
Após três semanas de intensas mobilizações para impedir que o Projeto de Lei 131, de José Serra, fosse aprovado no Senado, a FUP e seus sindicatos, com apoio dos movimentos sociais e de parlamentares comprometidos com a defesa da Petrobrás, conseguiram derrubar o regime de urgência. É a primeira batalha ganha em uma luta que só está começando. Essa vitória importantíssima confirma como foi acertada a deliberaçao dos petroleiros na 5ª Plenafup, onde aprovaram por unanimidade que a prioridade absoluta da categoria é a luta em defesa da Petrobrás e do pré-sal.
A mobilização dos petroleiros em conjunto com os movimentos sociais e outras categorias reverteu, em apenas três semanas, um quadro que estava totalmente a favor da aprovação do PLS 131, que abre caminho para retirar o pré-sal do controle do Estado e entregar essa riqueza às multinacionais. Na votação do dia 16 de junho, que aprovou a urgência, apenas 17 senadores foram contra. No dia 08 de julho, após um árduo trabalho da FUP e de seus sindicatos no Congresso, 46 senadores assinaram o requerimento para retirar o PLS 131 do regime de urgência.
O projeto foi remetido para uma Comissão Especial, que terá 45 dias para debater a proposta entreguista de Serra, de retirar a Petrobrás da função de operadora única do pré-sal e acabar com a garantia legal de participação da empresa em pelo menos 30% dos campos exploratórios. Logo em seguida, o projeto volta ao plenário para apreciação. A luta, portanto, continua e, mais do que nunca, é urgente que os petroleiros aumentem a pressão, somando-se às mobilizações convocadas pela FUP e por seus sindicatos.
Quem luta conquista!
16 de junho – Petroleiros ocupam as galerias do Senado para impedir a votação do PLS 131. Renan Calheiros manda a polícia parlamentar prender os sindicalistas, que são violentamente reprimidos. Por 42 votos a 17, o Senado aprova o regime de urgência para o projeto.
23 de junho – Em Macaé, petroleiros se manifestam contra José Serra na abertura da Brasil Offshore. Com faxas, apitos e palavras de ordem contra a entrega do pré-sal, os sindicalistas acuaram o senador, que teve que ser retirado do evento às pressas.
24 de junho – Conselho Deliberativo da FUP discute um amplo calendário de luta para barrar o PLS 131 e aponta que a defesa do pré-sal e da Petrobrás deve ser o principal eixo da 5ª Plenafup.
30 de junho – Petroleiros realizam atos em vários aeroportos do país contra o PLS 131. Em Brasília, FUP participa de sessão temática no Senado e desconstrói argumentos de Serra. Sindicalistas percorrem gabinetes, buscando convencer os senadores a derrubar o regime de urgência.
01 de julho – Uma representação da FUP e sindicatos permanece em Brasília, trabalhando para impedir a votação do PLS 131. A pressão surte efeito e votação é adiada para a próxima semana.
05 de julho – Por unanimidade, a 5ª Plenafup aprova priorizar a luta em defesa da Petrobrás e do pré-sal, além de um ampla calendário de lutas.
07 de julho – FUP, sindicatos e movimentos sociais fazem novas mobilizações nos aeroportos e no Senado. Sindicalistas buscam adesões dos senadores para derrubar o regime de urgência.
08 de julho – Força tarefa da FUP surte efeito e, com ajuda de parlamentares comprometidos com a defesa da Petrobrás e do pré-sal, conquista 46 assinaturas de senadores para requerimento que retira o PLS 131 do regime de urgência.
Lula reafirma compromisso com a luta dos petroleiros
“Se quiserem um brasileiro com orgulho da Petrobrás, estou aqui”
“A troco de que Serra quer mudar a lei do pré-sal? Para trazer as multinacionais para fazer aquilo que nós temos competência para fazer”, afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a sua participação na 5ª Plenafup. Por três horas e meia, ele falou para os petroleiros sobre a importância de se defender a Petrobrás, o pré-sal, as conquistas sociais e a democracia, reafirmando o seu o seu compromisso com as lutas da categoria. “Essa luta não é só dos petroleiros, é de quem tem responsabilidade com a soberania desse país”, ressaltou o ex-presidente.
Essa foi a terceira participação de Lula, em menos de um ano, em atos e mobilizações organizadas pela FUP, em defesa da Petrobrás e do pré-sal. “Se quiserem um brasileiro com orgulho da Petrobrás, estou aqui”, declarou, responsabilizando a mídia por conduzir uma campanha de desconstrução da imagem da empresa e dos avanços que o País conquistou nos últimos anos. “A Petrobrás não é só corrupção. É muito mais que isso. O Brasil não é só miséria como querem mostrar. Não queremos que não mostrem as coisas ruins, mas queremos que mostrem a verdade”, afirmou.
Lula ressaltou a importância da categoria se mobilizar para convencer a sociedade de que defender a Petrobrás é garantir o pré-sal e os direitos sociais conquistados pelo povo. Ele chamou atenção para a necessidade dos trabalhadores politizarem suas lutas, cobrando mais educação e mais direitos sociais. “A luta hoje dos trabalhadores não pode ser mais eminentemente econômica, só para reivindicar aumento de salário. Esse País é muito rico. Temos que ampliar nossas consciências e desenvolver nosso potencial e conhecimento para construir o futuro”, afirmou.
Insegurança mata mais dois trabalhadores terceirizados no ES
As condições inseguras a que são submetidos os petroleiros em diversas unidades do Sistema Petrobrás resultaram em mais duas mortes de trabalhadores terceirizados, justamente os mais expostos à precarização. No último dia 07, um acidente absurdo tirou a vida de dois operários da empresa Espiral, quando montavam um andaime no Terminal Aquaviário de Barra do Riacho, em Aracruz, no Espírito Santo. A estrutura estava sendo montada na beira do pier, quando desprendeu-se da ancoragem e caiu na água, levando junto os dois trabalhadores, que estavam amarrados ao andaime. Ambos foram resgatados já sem vida pelos próprios trabalhadores do terminal, já que a unidade não tem qualquer estrutura de socorro e resgate.
O Sindipetro-ES está participando da Comissão de Apuração e tem denunciado, junto com a FUP, a responsabilidade das gerências de SMS com os constantes acidentes no estado. Em fevereiro, nove trabalhadores de uma plataforma da BW morreram no litoral capixaba e os gestores da Petrobrás, covardemente, atribuíram a eles a culpa por um acidente, onde ficou clara a omissão da empresa em relação aos alertas de que havia um vazamento recorrente de gás na unidade. Só este ano, já chega a 14 o número de vítimas de acidentes fatais no Sistema Petrobrás, sendo que 10 eram trabalhadores terceirizados.
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