sexta-feira, 10 de julho de 2015

Alta de 148% faz cebola virar a vilã da inflação


cebolaNunca foi tão caro preparar uma salada ou temperar a comida usando ingrediente tão comum na culinária. No mês passado, o preço da cebola fez a inflação dar um saldo considerável levando o consumidor quase às lágrimas na hora de pagar a conta do mercado. Segundo o IBGE, o produto teve alta de 23,78% em junho, acumulando elevação de 148,13% nos últimos doze meses. O alimento ajudou a pressionar o IPCA, a inflação oficial do país, empurrando o indicador a bater na casa dos 6,17% no primeiro semestre do ano, conforme divulgou ontem o IBGE. Somente em junho, a inflação chegou a 0,79%, contra 0,74% de maio. É o percentual mais alto registrado para os meses de junho desde 1996.
Com o resultado do primeiro semestre do ano, o IPCA fechou bem acima dos 3,75% que foram registrados no mesmo período de 2014. É a taxa mais elevada para o período de janeiro a junho desde 2003, quando ficou em 6,64%. Em um ano, o indicador acumula alta de 8,89%, o maior patamar desde dezembro de 2003, quando ficou em 9,30%.
Outro item que compõe a salada e que pesou no bolso do consumidor foi o tomate. Apesar queda de preço entre maio e junho da ordem de 12,27%, o produto amargou elevação de 58,28% em doze meses. Nos mercados no Centro do Rio, os preços do quilo do tomate variam de R$ 5,69 a R$ 7,99. Já os da cebola vão de R$ 8,99 a R$ 9,88, o quilo.
Um dos motivos do encarecimento desses produtos foi a conta da luz que subiu, em alguns casos, acima de 40%, uma vez que os alimentos precisam de bastante irrigação. Com a falta de chuvas, os produtores usaram maquinários nas plantações que gastam muita energia elétrica.
Segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índice de Preços do IBGE, a energia elétrica que sofreu fortes reajustes nos meses anteriores também contaminou os valores das taxas de água e esgoto de 4,95%, contribuindo com o avanço do IPCA de maio para junho. A taxa de água e esgoto foi o terceiro item de maior impacto no IPCA de junho — 0,07 ponto percentual —, refletindo reajustes São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro e Recife.
Apesar de sucessivas altas a Selic, da taxa básica de juros, para 13,75% ao ano, a política monetária do governo não tem conseguido conter a elevação dos preços em cenário de baixa atividade. A meta do governo é de manter a inflação em 4,5%, com teto de 6,5%, no período oficial de janeiro a dezembro.

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