segunda-feira, 11 de maio de 2015

'Perdi um filho no Dia das Mães', diz parente em enterro de jovem no Rio


Diego não tinha envolvimento com tráfico de drogas, segundo a família. 
'A segurança do Rio de Janeiro está falida', lamenta Nilce Rodrigues.

Marcelo ElizardoDo G1 Rio
Corpo de Diego foi enterrado em Botafogo (Foto: Marcelo Elizardo / G1)Corpo de Diego foi enterrado em Botafogo (Foto: Marcelo Elizardo / G1)
O corpo do jovem Diego Luniére, de 22 anos, foi enterrado no fim da tarde desta segunda-feira (11), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio. Ele foi uma das vítimas de confronto nas favelas do Fallet e Morro da Coroa, no Catumbi, no domingo (10). O jovem foi atingido pouco antes de celebrar o Dia das Mães.
"O que mais choca é que a segurança do Rio de Janeiro está falida. Ele sempre andou na favela, porque sempre teve o direito de ir e vir, como está na Constituição Federal. Eu perdi um filho no Dia das Mães. Tem noção do que é isso? Seu filho sair e não voltar para almoçar?", lamentou Nilce Rodrigues, mãe de Diego.

Muito abalada com a perda do filho, ela afirma que Diego não tinha qualquer envolvimento com criminosos. Ele foi baleado no pescoço na comunidade do Fallet, onde mora o pai.
Amigos e familiares lamentaram a morte de Diego Luniere, 22 anos, baleado no pescoço (Foto: Reprodução / Facebook)Amigos e familiares lamentaram a morte de Diego
Luniére, 22 anos, baleado no pescoço
(Foto: Reprodução / Facebook)
“Meu filho não tinha envolvimento com traficante. Morava em São Gonçalo, não residia no Rio”, disse. Ela ressaltou que Diego deixou um filho de 6 anos. Amigos e familiares lamentavam a morte dele nas redes sociais.
Tiroteio no domingo
Um novo tiroteio deixou pelo menos mais duas pessoas mortas na região Central do Rio na manhã deste domingo (10). Relatos no Twitter falavam em confronto entre as comunidades do Fallet/Fogueteiro e o Morro da Coroa, ondequatro pessoas morreram e pelo menos cinco ficaram feridas na noite de sexta-feira (8) e na madrugada de sábado (9).
Um jovem de 22 anos, identificado como Diego Luniére, morreu após ser baleado no pescoço durante a troca de tiros na manhã deste domingo. Um outro homem, ainda não identificado, foi baleado no olho e também morreu nesta manhã. Segundo a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde, o homem deu entrada no Hospital Souza Aguiar, no Centro, por volta das 13h. Esta foi a sexta morte em dois dias de confrontos nas duas comunidades
A assessoria da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) confirmou os disparos e informou que por volta das 13h15 eram feitas varreduras nas comunidades. Os morros da Coroa, Fallet e Fogueteiro, todos na região de Santa Teresa, têm uma Unidade de Polícia Pacificadora desde fevereiro de 2011, com sede na Rua Navarro. Nos quatro anos de atuação das UPPs, apenas três homicídios foram registrados nestas comunidades.
Polícia Civil investiga
De acordo com informações da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), há um inquérito que apura o tráfico de drogas na região. Alguns criminosos estão identificados e as investigações correm sob sigilo.
Segundo a Delegacia de Homicídios da Capital (DH), as circunstâncias das mortes de Rodrigo Araújo da Silva, Daniel Machado Lima e Jonathan de Oliveira Cardoso, que morreram no tiroteio deste sábado (9) estão sendo investigadas. Já foram realizadas perícias no local e testemunhas prestaram depoimento. Também está previsto o depoimento do comandante da UPP da Coroa será ouvido.
Ainda segundo a especializada, a morte de Leonardo da Silva de Castro também está sendo investigada. Ele foi socorrido para o hospital, na noite de sexta-feira (8). O caso foi inicialmente registrado na 6ª DP (Cidade Nova) e encaminhado à DH.
A unidade investiga também as mortes de Diego Rodrigues Lumiére e outro homem ainda não identificado, mortos em tiroteio neste domingo (10). Os agentes estiveram no hospital onde os dois deram entrada para obter informações. As equipes também realizam diligências para localizar testemunhas que possam auxiliar a esclarecer as circunstâncias das mortes.
Início do confronto
O confronto nas comunidades começou quando criminosos do Morro da Fallet, em Santa Teresa, tentaram invadir a comunidade na noite de sexa-feira. Os dois morros têm UPPs, mas a presença dos militares não intimidou os criminosos.
Durante todo o sábado, PMs circularam pelos acessos ao morro da Coroa. De acordo com a polícia, a Rua Itapiru, no Catumbi, foi um dos caminhos usados pelos bandidos para invadir a favela.
Moradores contaram que eles usavam roupas pretas, toucas e estavam armados com fuzis. Num posto de gasolina próximo, uma das bombas de combustível foi atingida por um tiro.
Ainda no sábado foram apreendidos 60 kg de maconha, 60 papelotes de cocaína, 216 pedras de crack e 10 frascos de lança perfume. A ocorrência foi encaminhada para a 6ª DP.
Várias marcas de balas foram encontradas pelo caminho. Carros e postes de iluminação foram atingidos.Três adolescentes foram atingidos enquanto jogavam futebol. Os menores teriam sido usados como "escudos" por criminosos, segundo a polícia.
Vídeos gravados por moradores mostraram que foi intensa a troca de tiros. Em algumas imagens é possível ver balas traçantes no céu. Em outro vídeo, um PM aparece se protegendo dos tiros atrás de um muro. Veja no vídeo ao lado.
A Polícia Civil investiga se a tentativa de invasão à comunidade foi comandada por Ricardo Chaves de Castro Lima, conhecido como Fu da Mineira. Ele está foragido desde 2013 quando recebeu autorização da Justiça para deixar a prisão e visitar a família e não voltou.
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