quinta-feira, 7 de maio de 2015

Mãe aos 16 comemora 'milagre' na evolução da filha nascida com 620 g


Letícia Santos Inácio teve bebê com 28 semanas, no Espírito Santo.
Rayssa Vitória está com oito meses e já pesa 6 kg.

Juirana NobresDo G1 ES
A responsabilidade de mãe chegou cedo para a estudante capixaba Letícia Santos Inácio. Ela engravidou aos 16 anos e com 28 semanas de gestação nasceu Rayssa Vitória, prematura, com apenas 620 gramas e 31,5 centímetros. O bebê pode ficar na barriga da mãe até 42 semanas.
Para relembrar os momentos difíceis que passou ao lado da filha na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin) do Hospital Universitário Cassiano Antonio de Moraes (Hucam), a jovem fez fotos de cada etapa do tratamento e evolução. Rayssa teve alta médica após três meses e meio. No domingo (11), Letícia vai passar o Dia das Mães em casa e ao lado da filha. “Vou comemorar um milagre”, disse.
“Vou comemorar um milagre"
Letícia Santos,
mãe da Rayssa
Surpresa
Letícia é casada há três anos e quando engravidou ainda cursava o segundo ano do ensino médio. Ela disse que sempre tomava injeção anticonceocional, mas falhou. “Não sei por que fiquei grávida. De qualquer maneira, comemoramos muito e já amávamos a Rayssa desde o primeiro momento”, relembrou.
A mãe de Letícia, a merendeira Carla Santos Salles, disse que ficou muito preocupada com a gravidez. “Ela era muito jovem, ainda estudava e teve que parar tudo por causa disso. Queria um futuro melhor para a minha filha, que ela terminasse os estudos e só depois pensasse em ter filhos, mas Deus quis assim. Com o tempo fui me acostumando com a ideia e a apoiei em tudo”, disse.
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Rayssa Vitória nasceu prematura com 620 grama. Após oito meses e em casa, ela está com mais de 6 kg (Foto: Arquivo Pessoal)Rayssa Vitória nasceu prematura com 620 grama. Após oito meses e em casa, ela está com mais de 6 kg (Foto: Arquivo Pessoal)
Risco
Um exame de rotina apontou que a placenta da jovem apresentava problemas e dificultava a chegada do alimento ao feto. Letícia ficou internada durante 20 dias no Hucam, hospital referência para gestantes de risco, até que os médicos decidiram fazer o parto.
Letícia estava com 28 semanas de gestação, pouco mais de seis meses e meio. “Os médicos disseram que o bebê já estava em sofrimento e que era preciso fazer o parto com urgência”, contou.
O tamanho da filha impressionou Letícia. “Rayssa Vitória era muito pequenina, parecia um gatinho quando nasceu. Não tinha nem 1kg, apenas 620 gramas. Precisei ser forte e vi que eu era capaz. Lutaria por ela até o último momento”, disse a jovem mãe.
A estudante disse que viu a filha 12 horas depois do nascimento e só pode pegar Rayssa no colo aos 17 dias de vida. “Tive que ter paciência para tudo, mas a cada grama conquistado era uma comemoração e muito emoção. Enfrentamos três infecções, hemorragias, mas sempre acreditando. As pessoas diziam para eu não ficar me apegando, que a minha filha não resistiria, mas eu nunca desistiria dela. Ela já era a razão da minha vida”, contou.
Rayssa Vitória nasceu prematura no Espírito Santo (Foto: Arquivo Pessoal)Rayssa Vitória nasceu prematura
(Foto: Arquivo Pessoal)
Luta
As horas, os dias e os meses se passavam e Rayssa continuava na Utin. A menina passou por um problema no pulmão, mas uma cirurgia foi descartada.
As fraldas eram cortadas para que coubessem em Rayssa. Com 1kg, respirou sem a ajuda de aparelhos. Aos dois meses, ela tomou um banho de verdade pela primeira vez. “Antes as enfermeiras passavam um paninho umedecido, bem de leve”, relembrou.
A enfermeira Sheila Salvador, que acompanhou o crescimento de Rayssa, disse que a mãe nunca deixou de ir ao hospital. “A Letícia passou o tempo inteiro junto da filha, não desgrudava um só minuto. Chegava cedo e saia muito tarde. Ela foi um exemplo”, relatou.
Alta
A menina nasceu no dia 15 de agosto e recebeu alta médica no dia 27 de novembro, com 2 kg. O primeiro Dia das Mães de Letícia vai ficar marcado para toda a família e para aqueles que acompanharam a luta da mãe e filha, que está com oito meses. “Lutamos pela vida. Estou muito ansiosa para este domingo. Vai ser um dia muito especial. Ver minha filha saudável e em casa não tem preço. Ela é uma guerreira, uma verdadeira vitoriosa”, destacou.
Aos 8 meses, completados em abril, Rayssa já pesava 6 kg. Para uma adolescente de 16 anos, passar por isso tudo não foi fácil. Mas Letícia encontrou o apoio da família. Para a psicóloga Adriana Müller, esse apoio foi fundamental para Letícia enfrentar bem a sua história.
"Quando uma adolescente fica grávida e essa criança que nasce é prematura, esse adolescente precisa muito do apoio da família. Justamente porque o adolescente ainda está em desenvolvimento e vai precisar cuidar de uma criança. Para desenvolver essas habilidades de cuidado, carinho e proteção, eles vão precisar do exemplo dos seus próprios pais", disse a psicóloga.
Série
Nesta sexta-feira (8), o G1 traz a história de duas mães de 40 anos que tiveram bebês prematuros. Acompanhe a série de quatro reportagens que vai até domingo (11), Dia das Mães.

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