sexta-feira, 15 de maio de 2015

Diplomata entrega documentos à polícia após depoimento, no ES


Ele disse que não vai sair do Espírito Santo.
Depoimento durou cerca de quatro horas e ele alegou legítima defesa.

Do G1 ES
O diplomata espanhol Jesús Figón, que confessou ter matado a esposa a facadas, prestou depoimento à Polícia Civil na tarde desta quinta-feira (14). Após relatar os fatos, ele entregou todos os documentos e disse que não vai sair do Espírito Santo.
Na madrugada de terça-feira (12), o diplomata matou a mulher com cinco facadas, no apartamento do casal, em Vitória. O governo espanhol suspendeu a imunidade diplomática de Jésus Figon e ele agora será julgado pelas leis brasileiras.
Diplomata espanhol depõe na Polícia Civil do Espírito Santo (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)Diplomata espanhol prestou depoimento na Polícia
Civil (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
O depoimento durou cerca de quatro horas. Ele está sendo ouvido com a ajuda de um intérprete, como determina a lei no caso de acusados estrangeiros.
Depois, Jesús saiu da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa acompanhado de um representante do consulado espanhol e um advogado. Ele está hospedado em um hotel na capital.
"Ele está triste, está um pouco sem chão. Não se lembra da maior parte dos fatos. O que ele relatou foi que ela acabou tentando agredi-lo e ele, como defesa, acabou apunhalando a esposa. As investigações vão mostra que o Jesús, se não fizesse aquilo, quem teria perdido a vida seria ele", disse o advogado Walter Gomes Ferreira.
Para o delegado Adroaldo Lopes, Jesús disse que passou a noite anterior ao crime e a madrugada brigando com a esposa Rosemery Lopes, de 50 anos.
"Ela teria despertado e olhado ele de uma forma, segundo ele, como quem tem ódio. Imediatamente, ela teria sacado uma faca, foi para cima dele, mas ele conseguiu segurar a mão dela e tirar a faca. E então, ele só se lembra de minutos depois, retirando essa faca do corpo dela", disse o delegado.
Investigações
O delegado informou que durante o depoimento foram citadas situações e pessoas que precisam ser investigadas. Agora, o trabalho é de ouvir novas testemunhas.
"Foram citadas algumas pessoas, foram citados alguns locais que eles estiveram naquele dia. Então são novas diligências que nós vamos efetuar, convidando e intimando essas pessoas à delegacia, para que elas prestem depoimento e confirmem, ou não, os fatos que ele alegou no relatório", disse.
O delegado José Lopes, que é o chefe da Delegacia de Homicídios, contou que esteve no apartamento onde a mulher foi morta, nesta quinta-feira, durante os trabalhos de perícia. Segundo ele, a mulher estava no sofá quando foi assassinada
Lopes ainda contou que o diplomata retirou o corpo do sofá e arrastou até a suíte do casal. Em seguida, limpou a cena do crime com cloro e usou uma máquina de lavar chão – aquelas que tem jato de água.
José Lopes disse que não acredita que o diplomata agiu em legítima defesa.
Cumprimento de pena na Espanha
O diplomata vai cumprir pena na Espanha caso seja condenado. O juiz Antônio Côrtes da Paixão explicou que negou o pedido de prisão preventiva, nesta quinta-feira, pois no entendimento dele isso seria uma antecipação de pena. A Justiça brasileira pode apenas julgar o estrangeiro.
Se o Brasil estivesse habilitado a executar a pena, poderia ser aplicada a medida cautelar de apreensão do passaporte e até cumulá-la com a medida de proibição de saída do Espírito Santo, onde o acusado tem uma de suas residências. O diplomata poderia até utilizar monitoração eletrônica.
No processo, o magistrado explicou que o diplomata não está ocultando nem destruindo provas. "Ao contrário, noticiou o fato à Polícia Civil e colaborou com esta, levando-a até o local do crime, onde estava o cadáver; bem como entregou o instrumento do crime. Portanto, a instrução criminal não está ameaçada. De igual modo, não há risco à ordem econômica, outro requisito para a prisão preventiva; tampouco esta é necessária para assegurar a aplicação da lei penal, haja vista inexistir demonstração de risco concreto de saída do investigado do país, ou de sua ocultação. A instrução criminal, no caso, não depende da prisão preventiva do representado", explicou.
Diplomata chega para depor na Polícia Civil (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)Diplomata chega para depor na Polícia Civil (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
Imunidade diplomática
O governo espanhol aceitou o pedido de suspensão da imunidade do diplomata. Na tarde desta quarta-feira (13), o governo brasileiro fez a solicitação formal à Espanha.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, suspensa a imunidade, pela própria Convenção de Viena, o funcionário é passível a investigação policial.
Portanto, Figón será investigado e, caso a investigação comprove eventual autoria do crime pelo qual esta acusado, poderá ser processado penalmente no Brasil.
Casamento de espanhol, Jesús Figón, e capixaba era marcado por brigas, diz polícia (Foto: Arquivo Pessoal)Casamento de espanhol e capixaba era marcado
por brigas, diz polícia (Foto: Arquivo Pessoal)
Traição
Uma traição teria motivado o assassinato da cabeleireira Rosemary Justino Lopes, segundo informou o irmão dela, Jorge Antônio Lopes. Ele acredita que Jesús Figón mentiu na versão que deu à Polícia Civil do Estado e que matou porque havia sido traído por ela.
“Ele tomou chifre e fez isso com ela. Mas se o cara tomou chifre, era só separar, não precisava matar a mulher. Eu avisei a ele. Falei pra ele prestar atenção, mas ele disse que estava tudo bem”, afirmou Jorge, em entrevista à Rádio CBN.
Segundo o irmão, a cabeleireira teria mantido um relacionamento extraconjugal há dois anos. Desconfiado, Jesús teria começado a vigiá-la, e, há dois meses, teria flagrado a traição no apartamento em que morava com ela, em Jardim Camburi.
A polícia informou que Jesús matou a mulher Rosemary com cinco facadas e horas depois, na companhia de um amigo, um delegado aposentado, e de um advogado, se apresentou ao delegado Adroaldo Lopes, da DHPM, que acompanhou o caso. Na ocasião, Jesús alegou que matou Rosemary em legítima defesa.
Adroaldo afirmou que não vê indícios na denúncia feita pelo irmão de Rosemary. O delegado ressaltou ainda que, ao conversar com a polícia, na sede da DHPM, no dia do crime, o espanhol Jesús Figón chorou muito e falou dos momentos em família.

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