sábado, 16 de maio de 2015

Clínica de reabilitação é fechada após denúncia de maus-tratos, no ES


Internos relataram que eram agredidos, amarrados e dopados. 
Ninguém foi preso até a tarde desta sexta-feira (15).

Naiara ArpiniDo G1 ES
Diversos remédios foram encontrados na clínica (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)Diversos remédios foram encontrados na clínica
(Foto: Divulgação/ Polícia Civil)
Um clínica de reabilitação para dependentes químicos foi fechada, na manhã  desta sexta-feira (15), em Jacaraípe, na SerraEspírito Santo, após a denúncia de que os internos sofriam maus-tratos. As vítimas relataram que eram constantemente agredidas, amarradas e dopadas com remédios. Ninguém foi preso.
De acordo com o delegado Lorenzo Pazolini, a clínica era particular, funcionava há cerca de oito meses e contava com financiamento do Governo do Estado. Cada interno, segundo Pazolini, custava cerca de R$ 15 mil aos cofres públicos.
A denúncia anônima foi feita há 15 dias. Nesta sexta-feira (15), policiais e uma equipe da vigilância sanitária foram ao local e encontraram condições precárias de higiene. A cozinha foi interditada pela vigilância sanitária.
No local, foram encontrados diversos remédios, receituários assinados e uma corda, que segundo a polícia era usada para amarrar os internos. Uma foto tirada pela polícia mostra um interno preso a uma maca.
“Quando a polícia chegou, alguns internos começaram a chorar, porque achavam que aquilo que eles estavam vivendo nunca teria um fim”, disse Pazolini.
Segundo a polícia, no local estavam crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Uma garota de 19 anos, que estava internada há apenas oito dias, contou que chegou a se ferir propositalmente para que os funcionários a levassem para o atendimento médico, já que ela não era atendida.
“Eu estava com suspeita de gravidez e tive sangramento, mas ninguém fez nada, ninguém me levou ao médico. Quando eu disse que ia chamar a polícia, um segurança me deu um soco. Uma vez desmaiei e eles simplesmente me colocaram em uma maca e me entupiram de remédio”, contou.
Um adolescente de 14 anos contou que, além das agressões físicas, eles eram obrigados a dormir em um local sujo. “Não tem higiene nenhuma. Era lacraia, rato, barata, tudo passando em cima da gente quando estávamos dormindo. Quase todo dia ameaçavam a gente”, disse.
Nenhum responsável pela clínica foi preso porque, segundo delegado, não houve flagrante. Os proprietários e os funcionários que forem identificados como agressores vão ser indiciados e podem responder pelo crime de tortura. Os proprietários prestaram depoimento no final da tarde.
De acordo com o delegado, os internos serão transferidos para outras clínicas e os menores estão sendo assistidos pelo Conselho Tutelar.
A reportagem tentou contato com o advogado dos responsáveis pela clínica, mas todas as ligações caíram na caixa postal.
Local esteve em condições precárias de higiene (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)Local esteve em condições precárias de higiene (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)

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