terça-feira, 12 de maio de 2015

Alpinista morre ao errar caminho e entrar em favela da Baixada, RJ


Ulisses da Costa Cancela estava com a mulher e um casal de amigos.
Grupo seguia do Rio para Petrópolis, disse polícia.

Do G1 Rio
Um alpinista que seguia para a Região Serrana do Rio morreu baleado após errar o caminho e entrar com seu carro na Rua Epitácio Pessoa,Comunidade Vila Sapê, em Imbarié, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no sábado (9). Ulisses da Costa Cancela, de 36 anos, foi levado para Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque Caxias, mas não resistiu ao ferimento. A informação é da Delegacia de Homicídio da Baixada Fluminense.
O carro do alpinista industrial Ulisses Costa Cancela, baleado e morto na noite de sábado (9) ao errar o caminho e entrar na comunidade Vila do Sapê, segue no interior da favela onde ocorreu o crime. Segundo o tio de Ulisses, o empresário Farlen Macieira, o local é tão perigoso que a polícia só entrou no dia seguinte, pela manhã para fazer a perícia no carro.
“Nem a seguradora entrou para remover o carro. O que aconteceu foi uma maldade, dessas que não dá para explicar. Meu sobrinho era super do bem, uma pessoa querida. Estamos vivendo um momento de total degradação humana. Meu sobrinho perdeu não só o direito de ir e vir, mas principalmente, perdeu o direito à vida”, disse Macieira.
Segundo o tio, a mulher de Ulisses e o casal contaram que eles voltavam de uma festa em Magé, na Baixada Fluminense, na casa de um dos instrutores do curso que ele estava fazendo, quando ele pegou o caminho errado para seguir para Petrópolis, na Região Serrana, pela Serra Velha, o chamado Caminho do Imperador.
Macieira contou que ao perceber que estava no caminho errado, Ulisses tentou retornar, entrou numa rua escura e deserta e ouviu um tiro. O alpinista pediu para todos se abaixarem dentro do carro, enquanto tentava sair de ré do local. Vários tiros foram disparados e um deles atingiu a cabeça de Ulisses pelo lado direito, segundo o tio.
Ele entrou no lugar errado e quando ia fazer o retorno, eles ouviram barulho de tiro. Ulisses mandou todos se abaixarem e engatou a ré. Ele foi atingido na cabeça, perdeu o controle do carro e bateu no muro de uma casa. Só depois disso tudo é que apareceram algumas pessoas na rua e na casa, contou Macieira.
“Os tiros atingiram a lateral e a traseira do carro. Segundo as pessoas, não foi anunciado assalto, nada. Só Deus sabe o que se passou na cabeça daquelas pessoas. Como estavam todos abaixados, tentando se proteger das balas, ninguém sabe quantos atiraram. Mas com certeza era mais de um. Foram muitos tiros”, disse Macieira que viu a foto do carro feita pelos peritos criminais.

Mulher em estado de choque
Macieira disse que a mãe e a mulher de Ulisses estão ainda em estado de choque, inconsoláveis. Ele acrescentou ainda, que logo após o tiroteio, um homem apareceu com um carro e levou o alpinista e os outros acompanhantes até a BR-040, nas proximidades do pedágio. Da beira da estrada, eles ligaram para a polícia e o Corpo de Bombeiros.
O delegado Fábio Cardoso, da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), que investiga o caso, disse que pretende ouvir parentes do alpinista ainda esta semana.
De acordo com a tia de Ulisses, Rosana Portugal, eles estavam voltando de uma festa de criança, por volta das 22h30, quando erraram o caminho. Ainda segundo Rosana, o socorro aconteceu por moradores da comunidade, porque a polícia e a ambulância se negaram a entrar na comunidade devido ao risco oferecido na região.
“Os moradores foram até o carro e uma dessas pessoas levou os quatro até o pedágio, onde eles foram socorridos. Meu sobrinho chegou dar entrada no hospital, mas não resistiu. Já a mulher dele e casal não sofreram ferimento graves”, completou a tia.

O corpo de Ulisses foi enterrado na segunda-feira (11), no Cemitério de Petrópolis.

Ao ser questionado sobre o episódio, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que assassinatos do tipo não acontecem em áreas com Unidades de Polícia Pacificadora. "Eu acho que esses são casos que no Rio de Janeiro há alguns anos atrás aconteciam recorrentemente. Eu mesmo perdi colegas que entraram por engano anos atrás na Roquete Pinto e foram assassinados. Eu acho que isso não está acontecendo em área com UPP. Se você ou qualquer outra pessoa entrar no Chapadão, na Pedreira ou áreas onde estão esses bandidos ainda, infelizmente, é possível que isso aconteça porque são áreas que estão abandonadas há muito tempo. Em área de UPP eu acho que isso não tem acontecido ou se acontece é em números infinitamente menores", afirmou.

 
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