sexta-feira, 10 de abril de 2015

'Somos todos vítimas', diz viúva de comandante de UPP morto no Alemão


Bianca espera reconstituição da morte de Uanderson, comandante da UPP.
'Merecemos saber o que de fato aconteceu com ele', afirma.

Henrique CoelhoDo G1 Rio
'Somos todos vítimas', diz mulher de comandante de UPP morto  (Foto: Bianca da Silva/Arquivo Pessoal)'Somos todos vítimas', diz mulher de comandante de
UPP morto (Foto: Bianca da Silva/Arquivo Pessoal)
A espera por respostas aumenta a dor da família de Uanderson Manoel Gomes da Silva, comandante da UPP Nova Brasília morto em 11 de setembro de 2014 durante tiroteio na comunidade. A Divisão de Homicídios anunciou nesta quinta-feira (10) que fará a reconstituição de seu caso no mesmo dia que os procedimentos de Elizabeth Alves e Eduardo de Jesus. Bianca da Silva, esposa de Uanderson, em entrevista ao G1, lamenta a violência na região.
“Somos vítimas da mesma violência daquele local. É mais uma filha, uma esposa, um marido que sofre. Mas confesso que não procurei mais saber desse tipo de coisa porque me faz muito mal, mesmo lidando diariamente com isso na profissão “, afirma ela, que trabalha no cerimonial da Polícia Militar.
A Divisão de Homicídios, que estuda fazer as reconstituições na próxima sexta-feira (17), investiga se o tiro que matou o capitão foi dado por um soldado da própria unidade, considerada uma das mais "turbulentas", segundo a própria Polícia Militar.
"Será um alívio para a família ter a confirmação do que de fato aconteceu, porque merecemos a verdade. Toda hora minha filha pergunta: 'quem fez isso com meu pai? Eu quero saber'. E aí? Se foi mesmo um policial, como explicar sem virar o mundo dela de cabeça para baixo, dizer que um policial matou o pai dela?", questiona ela, que relatou ainda que já foi ao local onde tudo aconteceu no dia seguinte ao enterro do marido e pai da filha Maria, de 8 anos. O trauma, segundo ela, ainda não passou.
Comandante da UPP Nova Brasília morreu após tiroteio  (Foto: Divulgação/Polícia Militar)Comandante da UPP Nova Brasília morreu após
tiroteio (Foto: Divulgação/Polícia Militar)
"Conversei com um padre de uma paróquia próximo à base da UPP, tirei fotos do Largo da Vivi, onde ele levou o tiro, e falei com outras pessoas para agradecer em nome dele", conta ela, emocionada. Ela ainda não sabe se vai à reconstituição, que foi adiada muitas vezes devido às diversas mortes e à violência na região.
"Isso dificultou muito o nosso trabalho com essa reconstituição, mas estamos tentando acelerar ao máximo agora", afirmou um dos responsáveis pela investigação da morte do capitão Uanderson.
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Atingido por um tiro no peito durante um patrulhamento na localidade conhecida como Largo da Vivi, Uanderson foi levado para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas acabou morrendo.
Em janeiro, a revista Veja publicou que o tiro que matou Uanderson foi dado por um policial da própria UPP. A coordenadoria de Polícia Pacificadora, a Divisão de Homicídios e a própria viúva de Uanderson não confirmam a informação.
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