sexta-feira, 10 de abril de 2015

Moradores acusam PMs de impor 'toque de recolher' no Alemão, no Rio


Moradores da favela e líderes da PM se reuniram para discutir convivência.
Encontro acontece uma semana após criança morrer baleada.

Marcelo ElizardoDo G1 Rio
Moradores do Alemão se reuniram com líderes da PM (Foto: Marcelo Elizardo/ G1)Moradores do Alemão se reuniram com líderes da PM (Foto: Marcelo Elizardo/ G1)
Moradores do Conjunto de Favelas do Alemão e líderes da PM se reuniram nesta quinta-feira (9), na Viva Rio, na Glória, Zona Sul do Rio, para discutir a convivência de ambos. Representantes da comunidade criticaram a posição do governador de fazer uma reocupação no Alemão. Eles pediram investimentos em educação, saúde e cultura na favela e o fim do "toque de recolher", imposto por PMs da UPP.
A audiência foi marcada uma semana após a morte do menino Eduardo de Jesus, baleado em uma operação policial na comunidade. Desde então o Alemão foi ocupado por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
"Quando o morador pede "fora, UPP", ele não quer que o policial morra. Ele quer que venham outras coisas, saúde, educação, cultura, transporte. E o policial está abandonado lá, em um beco escuro. Vocês (policiais) deveriam ser os mais revoltados com o governador, mas não descontar essa revolta na gente", disse Raúl Santiago, do projeto Papo Reto, que atua no Alemão.
Outra discussão foi o papel da polícia na política de segurança do estado. Segundo eles, policiais da UPP Alemão chegam a proibir eventos na comunidade e impuseram toque de recolher.
"Há toque de recolher às 22h. Se há boa vontade das cabeças da PM, isso tem que chegar na outra ponta. Há quebra de hierarquia. O policial diz que ele é o estado. Manda e desmanda sem nenhuma condição de diálogo. Toque de recolher para comerciantes. O direito de ir e vir está sendo negado", disse Alan Brum, morador do Alemão e integrante do projeto Raízes em Movimento.

Reformulação na PM
O recado à PM se deu após a fala do coronel Robson Rodrigues, chefe do Estado Maior da PM. Ele explicou que a corporação passa por um processo de reformulação, mas que ainda há integrantes radicais na polícia. O coronel explicou ainda que a PM deve ter o papel apenas de realizar a segurança e não assumir outras responsabilidades como permitir ou não eventos na comunidade.
"A diretriz da PM é o diálogo e transparência. Por isso estamos aqui. Muitas vezes há pessoas radicais,  mas não devemos procurar esses para dialogar e sim pessoas de boa vontade. Esse novo comando entendeu que é preciso chamar outras instituições para participar. Não vai ser a polícia que vai resolver esse processo. É preciso chamar a sociedade para participar desse processo de reformulação da polícia", explicou o coronel.
O encontro contou com autoridades como o vice-prefeito do Rio, Adilson Pires, o deputado estadual Zaqueu Teixeira (PT) e representantes das secretarias de segurança e de direitos humanos do governo.

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