quarta-feira, 8 de abril de 2015

Familiares de vítimas em escola do Rio ainda se sentem inseguros


Irmão de vitima afirma que ex-alunos entram na unidade com facilidade.
Em 2011, 12 crianças foram assassinadas em Realengo, na Zona Oeste.

Matheus RodriguesDo G1 Rio
Fotos das vítimas estavam espalhadas em igreja (Foto: Matheus Rodrigues/G1)Fotos das vítimas estavam espalhadas em igreja (Foto: Matheus Rodrigues/G1)
Familiares e amigos das 12 vítimas da tragédia que aconteceu há quatro anos em Realengo, na Escola Tasso da Silveira, estiveram presentes nesta terça-feira (7) em uma missa em memória dos alunos que morreram no episódio. Muito emocionados, país e alunos afirmaram que a sensação de insegurança ainda é constante e pouca nada mudou.
Eduardo Rocha, de 15 anos, estava na escola no dia do ataque (Foto: Matheus Rodrigues/G1)Eduardo Rocha, de 15 anos, estava na escola no
dia do ataque (Foto: Matheus Rodrigues/G1)
Eduardo Rocha, de 15 anos, é irmão de Mariana Rocha, uma das vítimas. Ele estava no terceiro andar quando o atirador invadiu a escola. Eduardo disse que parou de estudar por dois anos e que no dia da tragédia viu o corpo do rapaz que atirou nas crianças.
"Hoje em dia é muito fácil ex-aluno voltar para a escola e entrar a hora que quiser. O portão deles é fechado, mas é só bater e dizer que é ex-aluno que eles deixam entrar. Entra normalmente. Eu fiquei sem estudar por dois anos porque não aguentava voltar para lá. Todo mundo ficava falando um monte de coisa. No dia, quando eu fui sair da escola, eu vi ele [atirador] deitado na escada, eu colocava a mão assim [no rosto] para não ver, mas não adiantava", afirmou.
Noeli Rocha era mãe de Mariana e fez uma tatuagem para homenagear a filha. Ela afirmou que lembra da menina todos os dias. "Nunca mais eu vou esquecer dela, ela está no meu coração. Porque eu não podia estar lá na hora? Para tirar ela dali", disse.
A data em que Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, matou a tiros os 12 alunos da escola se tornou o Dia Nacional de Combate ao Bullying. Ele era ex-aluno da escola e teria sido vítima de bullying por lá. Armado com dois revólveres, ele entrou no prédio, naquela manhã de 7 de abril de 2011, dizendo que daria uma palestra e abriu fogo contra os alunos. Dos 12 mortos, apenas dois eram meninos. Uma carta encontrada com ele, que se suicidou após a chegada da polícia ao prédio, indicava que o crime havia sido premeditado.
A mãe de outra vítima, Adriana Silveira, coordena a ONG Anjos de Realengo. O grupo tem como principal bandeira a luta contra o bullying, suposta motivação do autor do atentado. Ela disse que enquanto providências não forem tomadas, a luta irá continuar.
"Seria um conforto no meu coração saber que houve mudança em nome das crianças que partiram, para que a morte deles não seja em vão. Talvez um dia eu possa descansar e falar 'em nome de 12 crianças, mudou a história da educação, da segurança e da educação do nosso país'. Enquanto isso não acontece eu vou ser um calo no sapato das nossas autoridades", afirmou.
Homenagem para vítimas
A Prefeitura do Rio prometeu construir um monumento em homenagem às crianças vítimas da chacina de Realengo próximo à escola. No entanto, familiares afirmam que a inauguração, marcada para esta terça-feira (7), foi atrasada por causa de um impasse. De acordo com a mãe da vítima Luiza Paula, Adriana Silveira, a praça onde a escultura seria colocada não tem condições de receber a homenagem e precisa ser reformada.
"Está para ser feita uma praça com um monumento com todas as crianças em tamanho real. Seria inaugurada hoje só que aconteceu uma discordância. Porque o local que eles queriam, eu não achei que estava propício a colocar a escultura das crianças. Afinal, as crianças morreram dentro da escola, fazendo a coisa certa, no lugar certo. Não pode ser colocada a escultura de qualquer jeito", disse.
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Pais pedem segurança para os filhos na Escola Tasso da Silveira, Zona Oeste (Foto: Matheus Rodrigues/G1)Pais pedem segurança para os filhos na Escola Tasso da Silveira, Zona Oeste (Foto: Matheus Rodrigues/G1)

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