quinta-feira, 16 de abril de 2015

Apesar da crise, Alerj compra carros de luxo por R$ 1,2 milhão



quinta-feira, 16 de abril de 2015  –     Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
alerj carrosEm plena era de corte de gastos, devido à crise econômica no estado, a Assembleia Legislativa do Rio requisitou a compra de mais 20 carros novos. Os veículos de luxo, modelo Nissan Sentra, motor 2.0, ficarão de ‘reserva’. Cada um custará aos cofres públicos cerca de R$ 64 mil, somando uma despesa de R$ 1,2 milhão. A compra foi feita sem divulgação, por acréscimo ao contrato, feito no ano passado, que requisitou 70 carros novos, do mesmo modelo. O valor gasto foi de R$ 4, 8 milhões. Ao todo, a Casa, que tem 70 deputados, dispõe atualmente de 160 veículos próprios.
De acordo com informações da Mesa Diretora, a compra foi feita para substituir veículos que possam vir a enguiçar. O pregão público da licitação, de fevereiro de 2014, não informava a quantidade de carros que seriam adquiridos, deixando a possibilidade de a Assembleia encomendar veículos por um ano (até 9 de março).
Além de 90 carros da Nissan, a Alerj ainda tem 70 Volkswagen Bora, que são utilizados como reserva e eram de uso diário dos parlamentares até o ano passado. Segundo a Casa, os veículos velhos deverão ser leiloados ou doados para órgãos públicos. O deputado Marcelo Freixo (Psol), que recusou o carro oficial no ano passado, criticou a necessidade de comprar esses novos veículos. “Se os carros são reservas, ou seja, são raramente utilizados, por que devem ser zero e modelos de luxo? Podiam continuar utilizando os Boras”, argumentou.
O deputado Luiz Paulo Correa (PSDB), que também abriu mão do carro oficial comprado no ano passado, afirmou desconhecer as novas compras da Alerj e preferiu não opinar. “Desconheço a rotatividade dos carros da Alerj, pois uso o meu veículo particular e abasteço com o meu dinheiro. Então, não posso falar sobre a necessidade ou não de ter esses carros”, afirmou.
A Alerj divulgou, no final do mês passado, um balanço em que informava ter cortado cerca de R$ 12 milhões em contratos com diversos fornecedores da Casa. Foi cortado, por exemplo, o contrato que a Casa tinha com a Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef), de cerca de R$ 1,8 milhão para prestar serviços de consultoria para a Comissão de Defesa da Pessoa Portadora de Deficiência da Alerj.
Também vão ser retirados os auxílios-educação de funcionários, totalizando mais de R$ 15 milhões. O contrato de compra dos veículos inclui treinamento do corpo técnico de manutenção.
Carros comprados, mesmo com recusa de deputados
Em março do ano passado, a Alerj comprou 65 carros modelo Nissan Sentra 2.0 2014 por R$ 4,1 milhões porque cinco dos 70 deputados recusaram a regalia: Clarissa Garotinho (PR), Janira Rocha (Psol) Marcelo Freixo (Psol), Wagner Montes (PSD) e Luiz Paulo (PSDB). Meses depois, em agosto do ano passado, a Alerj voltou atrás e pediu a compra dos outros cinco carros recusados, por R$ 320 mil, mesmo sem os deputados terem requisitado o benefício.
O deputado Marcelo Freixo disse que continua sem utilizar o Nissan novo e que desconhece onde ele possa estar ou quem esteja utilizando. O deputado Luiz Paulo afirmou que continua usando seu carro particular e Wagner Montes ainda se locomove no trabalho com o Bora antigo. Clarissa, que ainda era deputada estadual em agosto(hoje é federal), disse na ocasião que não havia necessidade da compra porque os carros estavam em bom estado.
Questionada, a assessoria de imprensa da Alerj não respondeu onde estão estes veículos e nem quem os utiliza. Também não respondeu onde os 20 novos carros estão guardados. Freixo declarou que irá solicitar à Mesa Diretora da Casa explicações sobre as novas compras.
Todos os três deputados disseram que desconheciam estas informações sobre a requisição dos carros que foram recusados. No sistema interno de compras da Alerj, onde aparece o aditivo, também consta que o contrato se encerrou no dia 9 de março.
Quando comprou os 65 novos carros, a Alerj justificou que a decisão foi tomada em função da idade da frota, que já teria oito anos. “Como os Bora saíram de linha, a opção foi mudar de marca”, informou na ocasião.
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Fonte: O Dia

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