quarta-feira, 15 de abril de 2015

'A gente sabe que não dá nada', diz parente de mulher morta na Maré


Polícia investiga morte de Raimunda Claudia Rocha Silva em tiroteio.
Vítima estava em casa com a filha no momento do tiroteio.

Janaína CarvalhoDo G1 Rio
Familiares de Raimunda Claudia Rocha Silva, 47 anos, morta no final da tarde desta terça-feira (14) no Conjunto de favelas da Maré, em Bonsucesso, no Subúrbio do Rio, estiveram na manhã desta quarta-feira no Instituto Médico Legal (IML) para fazer o reconhecimento do corpo. Muito apavorados com a violência na região, a filha de Raimunda Claudia preferiu não falar com a imprensa. Para a sobrinha da vítima, Ana Catarina Silva Nunes, 23 anos, a tia é apenas mais uma a entrar para a estatística de criminalidade no Rio.
"Infelizmente a gente sabe que não dá nada, né? Ela é mais uma entre tantas", disse a sobrinha chorando.
Além delas, o irmão de Raimunda Claudia também esteve no IML e disse que na hora do tiroteio ela estava em casa com a filha de 10 anos. A menina teria pedido socorro a funcionários da loja de Raimunda Claudia, que fica em frente à casa dela.
"Sempre falava em voltar para o Maranhão por causa da violência. Mas a gente acabava ficando", lamentou Policarpo Rocha, irmão de Claudia. Ambos vieram da cidade de Coroatá, no Maranhão, para o Rio há cerca de 30 anos e, segundo ele, a intenção da família agora é fazer o sepultamento na cidade nordestina. Além dele, Raimunda Claudia tinha outros seis irmãos. Os pais ainda são vivos.
De acordo com a Delegacia de Homicídios da Capital (DH), foi instaurado inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Raimunda Claudia. Ainda segundo a polícia, foi realizada perícia no local e testemunhas e militares estavam sendo ouvidos nesta quarta-feira. As investigações continuavam em andamento.
Troca de tiros
Segundo a Força de Pacificação, houve troca de tiros durante patrulhamento na região, por volta das 17h desta terça. Os militares informam que foram recebidos, na Rua 2, próximo à travessa 13, com disparos de fuzil e de pistola por parte de criminosos. Eles confirmam que revidaram os tiros.
Ainda de acordo com a Força de Pacificação, após o tiroteio os militares foram informados de que em outro local da Vila do João, que não estava na direção de tiro da patrulha, uma mulher teria sido atingida por um tiro dentro de sua casa. Eles informam que ela estava em uma posição afastada e à retaguarda da tropa e morreu.
Esse é o terceiro caso de morador morto em comunidades do Rio em menos de 15 dias. No dia 1º de abril, Elizabeth Alves, de 41 anos, foi morta dentro de casa, vítima de uma bala perdida no Conjunto de Favelas do Alemão, no Subúrbio. A filha dela, Maynara Moura, também ficou ferida. No dia seguinte, o menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, também morreu após ser atingido por uma bala na cabeça, na mesma favela.
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