segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Imagens mostram abordagem policial que terminou com jovem morta no RJ


Policial disparou 10 tiros de fuzil na direção de carro onde estava estudante.
Segundo especialista em segurança, ação mostra a falta de preparo da PM.

Do G1 Rio
Imagens chocantes, publicadas no site da Revista Veja no fim de semana, revelaram as circunstâncias da morte da jovem Haíssa Vargas Motta, de 22 anos, assassinada durante uma abordagem policial. O crime foi há cinco meses, em Nilópolis, na Baixada Fluminense, mas só agora o vídeo, gravado pela viatura dos policiais militares responsáveis pelo caso, se tornou público.
Dois policiais em uma viatura mandaram um carro onde estavam um rapaz e três amigas parar. Como o carro não parou, PM Márcio José Watterlor posiciona o fuzil para fora do carro e efetuou 10 tiros na direção do veículo, atingindo a jovem nas costas. Quando o veículo para, os policiais descem e uma das jovens implora: “Ajuda ela aqui. Pelo amor de Deus. Ajuda ela aqui, moço”, suplica uma das amigas. As amigas que não foram feridas entram no carro dos policiais e seguem o carro onde está a jovem ferida até o hospital.
No caminho, os policiais conversam com as amigas e um deles questiona o motivo do grupo não ter parado o carro. “Não, não justifica, tá. Não justifica ter dado o tiro, tá bom?”, alega o PM. Ao ligar o rádio para comunicar o que ocorreu, um dos policiais diz: “Não sei nem o que eu falo aí”. Ao relatar o que ocorreu o policial ainda admite: “Dá um auxílio aqui também que a gente tá meio barata voa”. O relógio da câmera da viatura policial mostra que eram quase 6h do dia 2 de agosto do ano passado.
Segundo o especialista em segurança, Paulo Storani, que já foi capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope), diz que a ação mostra falta de preparo da polícia. “A partir do momento que o policial, para fazer o veículo da frente parar, usou de uma ferramenta letal, uma arma usada em guerras convencionais, como o fuzil de assalto e efetuou vários disparos para que esse carro parasse, a partir do momento que ele deu o primeiro disparo, toda aquela intenção, toda a técnica que poderia ser usada naquela abordagem foi esquecida. Mostra o modelo de polícia de vigilância, uma polícia que busca o criminoso e não a polícia que quer proteger pessoas”, afirmou Storani, ressaltando que o uso da força letal só é justificado quando há uso de força letal contra os policiais.
Na época, o pai de Haissa deu um depoimento emocionado ao Bom Dia Rio. ”Nessa mesma noite ela me ligou simplesmente me pedindo a bênção. Eu falei: ‘filha, Deus que te aboençoa’. E de manhã eu recebo a notícia, através da minha filha mais velha, que ela tinha sido morta, assassinada pelas pessoas que eram para nos defender”, afirmou Ironildo Motta.
A Polícia Civil indiciou o PM Márcio José, que atirou em Haissa, por homicídio doloso, quando há intenção de matar. A Polícia Militar também abriu inquérito e afastou os policiais das ruas. Apesar das imagens mostrarem claramente o que aconteceu, a PM informou que as investigações ainda não foram concluídas.

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