quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Estratégia para anular Operação Lava Jato


sede petrobrasEm uma ação jurídica articulada, os advogados que defendem os acusados pelos desvios na Petrobras vão tentar anular a Operação Lava Jato nos tribunais superiores questionando pontos que consideram frágeis na investigação. No foco central está uma decisão do procurador Manoel Peçanha, que defendeu, em parecer, a prisão preventiva do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UCT e apontado como o número 1 do cartel que dominou os contratos bilionários com a Petrobras, como estratégia para forçar novos acordos de delação premiada.
Em investigações anteriores, cumprido o prazo da prisão temporária, corruptos e corruptores de colarinho branco eram colocados na rua, jogando a possibilidade de prisão para o final do processo, o que tornava a medida improvável em decorrência da prescrição facilitada pela lentidão da Justiça.
“Coação. Essa será a palavra de ordem da defesa, um forte argumento jurídico e a grande polêmica que decidirá o destino da operação”, avalia o ex-juiz e jurista Luiz Flávio Gomes. Ele prevê uma batalha sem precedente nas duas últimas instâncias do judiciário, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF).
A disputa, segundo ele, decidirá se a Lava Jato será mesmo um divisor de águas na política e no combate à corrupção ou se cairá – como as últimas duas grandes ofensivas contra os desvios de dinheiro público, a Satiagraha e a Castelo de Areia, que ruíram por erros na investigação. A primeira foi anulada pelo uso indevido da Abin para prender o banqueiro Daniel Dantas e a segunda por amparar os grampos contra empreiteiros em denúncias anônimas.
No parecer em que defende a prisão de Pessoa, Peçanha escreve com todas as letras que a preventiva, remédio amargo e excepcional – que pode se estender por tempo indeterminado enquanto as investigações estiverem em andamento – se justifica não apenas para garantir a instrução do processo, “mas também na possibilidade de a segregação influenciá-lo na vontade de colaborar na apuração de responsabilidades, o que tem se mostrado bastante fértil nos últimos tempos”. (US)

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