quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Suspeito de chefiar milícia em três comunidades do Rio é preso


Megaoperação desmontou quadrilha que lucravam R$ 1 milhão por mês.
Até as 15h30, 16 pessoas haviam sido presas, incluindo três PMs.

Do G1 Rio
Chefe da milícia se entrega à polícia na tarde desta quarta(10) (Foto: Reprodução/TV Globo)Chefe da milícia se entregou à polícia na tarde desta quarta (Foto: Reprodução/TV Globo)
Um homem suspeito de chefiar a milícia que atuava em três favelas do Rio se entregou à polícia na tarde desta quarta-feira (10). Segundo a Polícia Civil, Tarcísio A. de Moura, vulgo TC, se entregou na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), na Cidade da Polícia, durante a megaoperação Armagedon, deflagrada pela manhã.
Segundo a polícia, a mulher de TC,  presa junto com o tio durante ação policial, foi liberada. Ao ser preso o suspeito informou ser dono do fuzil que estava em poder da mulher.
O objetivo da ação, que contou com 450 agentes, é cumprir 48 mandados de prisão e 123 de busca e apreensão. Até as 15h30, 16 pessoas haviam sido presas, 13 devido aos mandados e três em flagrante, por atirarem contra policiais ou por porte ilegal de arma. Entre os detidos estão três PMs. Outros dois estão foragidos. Um ex-PM e um guarda municipal também são procurados (veja a lista completa de presos abaixo).
Segundo a polícia, a quadrilha lucrava cerca de R$ 1 milhão por mês com a exploração de atividades criminosas nas comunidades do Fubá e Caixa D´Agua, no Subúrbio do Rio, e no Campinho, Zona Oeste. A polícia informou que dois bingos da quadrilha foram fechados durante a operação. Um dos estabelecimentos funcionava dentro da Associação de Moradores do Campinho, na Zona Norte. 
De acordo com o delegado Alexandre Capote, titular da Draco, esses grupos controlavam até a venda de pipa e cerol com o objetivo de mostrar aos moradores, desde cedo, quem dominava a região. “Essa foi uma operação importante, porque é um golpe duro nessa milícia altamente perigosa. Eles controlavam a venda de cerol e pipa para as crianças da comunidade. Nós percebemos que isso funcionava como marketing para mostrar para a comunidade quem eram os líderes”, afirmou Capote.
Os três grupos controlavam a distribuição de gás, água e o transporte alternativo nas comunidades. “A organização de canais a cabo, conhecido 'gatonet', também era realizada por eles. Outro ponto importante era a exploração de bingos na comunidade”, destacou o delegado, ressaltando que um dos bingos encontrados no Morro do Fubá ficava dentro da associação de moradores do local, onde foi encontrado até uma máquina de caça-níquel. Escutas telefônicas, exibidas no RJTV, mostram dois milicianos falando sobre o dinheiro arrecado.
Polícia faz operação para combater milícia em comunidades da Zona Norte do Rio (Foto: ARION MARINHO/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)Polícia faz operação para combater milícia em comunidades da Zona Norte do Rio (Foto: Arion Marinho / Futura Pressa / Estadão Conteúdo)
A crueldade com que os milicianos eliminavam suas vítimas também foi alvo das investigações. De acordo com Capote, um dos líderes da milícia postava fotos dos cadáveres no facebook. O grupo que atua na região do Campinho chegou a impedir a realização de uma festa em homenagem a São Jorge. Tortura, roubos, lesões corporais graves, extorsões, ameaças, constrangimentos ilegais e injúrias também eram praticados, segundo a polícia.
De acordo com o delegado adjunto da Draco, Luiz Augusto Braga, na comunidade da Caixa D’Água dois jovens foram assassinados pela milícia por terem ido no baile funk de uma comunidade dominada por um grupo rival. O crime ocorreu na frente da mãe de um deles, que denunciou o caso à polícia. Em função disso, ela perdeu a casa que morava. “Nós temos muita dificuldade para investigar essa organização criminosa porque eles não deixam testemunhas, matam todas. É um grupo muito cruel”, afirmou o delegado.

A Operação Armagedon, que começou por volta das 6h, é realizada pela Subsecretaria de Inteligência (SSINTE) da Secretaria de Segurança em parceria com o Ministério Público do Rio. A ação conta ainda com apoio da Corregedoria Geral Unificada, Corregedoria da Polícia Militar e da Corregedoria da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).
Caminhonete Triton foi apreendida com a mulher de Tarcísio de Moura, chefe do grupo de milicianos presos no Rio (Foto: Matheus Rodrigues/ G1)Caminhonete Triton foi apreendida com a mulher de Tarcísio de Moura, chefe do grupo de milicianos presos no Rio (Foto: Matheus Rodrigues/ G1)
Beltrame promete estudo da área de operação
O secretario de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou nesta quarta que após o mapeamento da área feito pela operação, será feito um estudo de como patrulhar a região. O objetivo do estudo é evitar que o tráfico de drogas assuma o controle das comunidades. Alem disso, Beltrame afirmou que a polícia não é responsável pela questão da segurança pública da cidade.
"O que eu queria dizer é que a sociedade definitivamente abra seus olhos porque, desses 48 mandados de prisão, 14 já estavam em livramento condicional.  A policia levou até nove meses para re prender essas pessoas, não da para colocar na conta só da policia a questão da segurança pública" disse o secretario de Segurança do Rio.
Veja a lista de presos na operação Armagedon:
1- Jorge da Silva Santos Junior (Janjão)
2- Fabricio Pinto da Silva (Bicudo)
3- Oscar Pacheco Costa Saraiva (Playboy)
4- Carlos Roberto Bernado (Beto Paraíba)
5- Bruno R. Guarany de Carvalho (Skank)
6- Eduardo Barbosa (Dudu)
7- Michael Barbosa (Maquinho)
8- Robson Fernandes G. da Silva (Ronaldinho)
9- Sidney de Sá Oliveira (Manteiguinha)
10- Carlos Augusto F. da Penha (Puro Osso)
11- Alexandre R. dos Santos (Popó)
12- Thiago Gimenez dos Santos
13- Claudio Mello Reis
14- Antônio Vicente Rodrigues
15- Rafael Ávila (Manteigão / Jaba)
16- Tarcísio A. Moura (TC)

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