quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Fraude de carros de luxo pode envolver funcionários do Denatran


Segundo a polícia, quadrilha emplacava carros falsos em 15 estados.
Investigação começou em julho, após denúncia anônima.

Do G1 Rio
A polícia informou, nesta quarta-feira (3), que tem indícios de que funcionários de montadoras e do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) estejam envolvidos com o esquema de falsificação dos carros de luxo no Rio. A suspeita se deve ao fato de que apenas eles teriam os dados pré cadastrais dos veículos, o que facilitariam a falsificação. Conforme mostrou aGlobonews, o delegado responsável pelas investigações, Mário Arruda, afirmou que há uma brecha no serviço do Denatran.
“As montadoras e importadoras informam ao Denatran os números que são veículos destinados a exportação. Por isso, deveria haver uma restrição nesses número para serem liberados somente no ato do emplacamento”, disse o delegado.
Os investigadores suspeitam que o esquema funciona há quatro anos. Os veículos mais visados são as pick ups L200 Tritom. Dados mostram que assaltos a esses veículos cresceram 230% em comparação com 2013. Investigações apontaram para um gasto de R$ 20 mil por cada veículo adulterado. “Essa despesa tem como base a compra de documentos e as informações sobre a liberação do veículo” disse Mário Arruda.
Policiais já apreenderam 13 carros desse modelo. Muitas vítimas levaram prejuízos com o esquema no Rio. João Marcelo gastou R$ 115 mil reais na compra do carro fraudado.
“Dei 115 mil no carro e logo depois transferi o carro para o meu nome, os documentos no Detran e está tudo no meu nome”, disse.

O Denatran informou que acionou a Polícia Federal assim que foi notificada pelo caso. Ainda de acordo com o órgão, não há qualquer possibilidade de envolvimento de qualquer funcionário na fraude descoberta pela polícia do Rio. O caso será encaminhado para o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para avaliar a necessidade de um ato normativo.
A princípio, a polícia acreditava que os criminosos só falsificavam carros da montadora Mitsubishi. Porém, já se sabe que veículos de outras marcas, como Toyota e Land Rover, também foram adulterados. A investigação começou em julho, depois que a polícia recebeu uma denúncia anônima de que um advogado estava circulando com uma picape roubada e adulterada na cidade de Resende, no interior do estado do Rio.
Ninguém tinha sido preso até esta quarta-feira (3), mas a polícia já descobriu como funciona o esquema. O golpe é tão sofisticado que os criminosos conseguiram emplacar os carros falsificados em 15 estados. A quadrilha teve acesso à lista de chassis de carros fabricados no brasil e que foram exportados.
Entenda como o esquema funciona
A quadrilha acessa a relação dos chassis das picapes produzidas para exportação. Depois a quadrilha produz notas fiscais falsas de compra desses carros. Com essa nota, a quadrilha rouba ou furta picapes do mesmo modelo e da mesma cor.
Os bandidos, então, adulteram o chassi original do carro furtado pelo código de um veículo que foi exportado. Como a picape nunca foi emplacada no Brasil, os criminosos conseguem emplacar o carro adulterado normalmente em qualquer Detran do país. O último passo é revender a picape falsificada como se fosse regular, por preço de mercado. 
Mais de 180 falsificados
A pedido da polícia, a Mitsubishi fez uma auditoria e constatou que entre 2009 e 2013 mais de 3.500 picapes foram exportadas. A quadrilha usou os chassis de 185 desses carros e emplacou veículos semelhantes roubados no Brasil.
Os emplacamentos de picapes com chassis falsificados aconteceram em pelo menos 15 estados. A maioria no Rio de Janeiro, seguido de Minas Gerais, São Paulo e Amapá.

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