quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Defesa de policial do caso Amarildo pede nova perícia em gravação


Justiça pede que perito explique como chegou a conclusão.
Promotora acredita que o laudo é suficiente para comprovar voz do policial.

Do G1 Rio
A Justiça do Rio de Janeiro mandou um perito do estado explicar como ele chegou à conclusão de que um soldado da PM tentou se passar por um traficante em uma ligação telefônica para supostamente despistar os investigadores durante as investigações do caso Amarildo. O laudo foi usado na denúncia contra os policiais presos por envovimento no caso. Na gravação, feita na época do sumiço do ajudante de pedreiro, um homem faz ameaças a um policial. A informação exclusiva foi exibida pela Globonews nesta quinta-feira (13). 
Amarildo desapareceu em julho de 2013, depois de entrar num carro da Polícia Militar e ser levado para a Unidade de Polícia Pacificadora da favela da Rocinha.
Em outubro deste ano, a justiça recebeu denúncia do Ministério Público contra 25 policiais por crimes como tortura, ocultação de cadáver, formação de quadrilha e fraude processual. Todos aguardam o julgamento presos. Entre os acusados, o policial Marlon Reis, é acusado pela promotoria do caso de forjar a voz do traficante Catatau, para acusar o tráfico de drogas pela morte do ajudante de pedreiro.
 
Três laudos foram elaborados a partir da gravação, que foi feita com autorização da justiça. Um deles, do Ministério Público, afirma que a voz é de Marlon Reis. De acordo com esta versão, o PM sabia que o celular de outro agente estava sendo monitorado. Por isso, teria ligado para ele se passando pelo criminoso.
 
A defesa do policial contratou uma perícia particular para analisar a gravação. No novo laudo, a perita conclui que não havia elementos suficientes para afirmar que a voz era mesmo do soldado Marlon Reis.

O terceiro laudo é do Instituto de Criminalística Carlos Éboli. Nele, o perito também afirma que não há material suficiente para a análise, mas que, no material disponível, há pontos semelhantes entre a voz do grampo telefônico e a voz do PM. E assegura que, "tendo em vista as informações sobre o caso", considera como “moderada” a qualificação da análise. De acordo com esta categorização, a voz seria do suspeito.

A defesa do soldado Marlon Reis considerou insatisfatório o laudo que o Instituto Carlos Éboli fez sobre a gravação, pediu nova análise e entrou com uma petição para que o perito fosse ouvido em juízo.
No dia 26 de setembro, a juíza Daniella Alvarez Prado, da 35ª Vara Criminal do Rio, aceitou o pedido.

A GloboNews também mostrou a perícia do Instituto Carlos Éboli para a perita Mônica Azzariti, fonoaudióloga forense que ja trabalhou no Ministério Público e atualmente integra a ACFEI - a maior associação internacional de peritos, afirma que o laudo só apresenta semelhanças óbvias entre as vozes, o que o torna inconclusivo.

“Dois homens, com a frequência fundamental em média similar, com características de sotaque do Rio de Janeiro. Não houve nenhuma convergência caracterizante, que fosse especifica de determinado indivíduo. Então é uma questão de interpretação do laudo, mas ele já traz essas informações” afirma a perita.

A promotora do caso, Carmem Eliza Bastos, admite que a perícia possui falhas. “O metodo do Instituto Carlos Éboli é um metodo ultrapassado. Ele é um metodo viável desde quem esteja fazendo o exame seja um fonoaudiólogo. Mas como ele não é um fonoaudiólogo, não vai chegar a uma conclusão. Mas porque este laudo, eu entendo que vem somar com o nosso? Porque, apesar de todas as limitações, ele não apontou divergência. Esse tempo foi sufuciente, em um laudo anterior, do mesmo Instituto para dizer essa voz não é do Catatau, não é do traficante.”

A promotora, no entanto, acredita que o laudo do Ministério Público é suficiente para comprovar que a voz é do policial. "Antes deste laudo, o Ministério Público havia feito um laudo com uma perita de voz, especializada nesta matéria, uma referência no país neste aspecto, indicando que a voz é do Marlon." A promotora também ressaltou, ao vivo no estúdio da Globonews, que há outras provas para incriminar os policiais presos, entre elas o depoimento de agentes que escutaram a sessão de tortura a qual Amarildo teria sido submetido.

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