sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Um dos envolvidos na acareação de Cambaíba só vai falar em juizo


Ex-funcionário da Usina, Erval Gomes da Silva, invocou o direito constitucional de permanecer em silêncio
 Marcelo Esqueff

Ex-funcionário da Usina, Erval Gomes da Silva, invocou o direito constitucional de permanecer em silêncio

A tão aguardada acareação, prevista para ocorrer na tarde dessa quinta-feira (09/10), na sede do Ministério Público Federal (MPF) em Campos e que iria pôr cara a cara duas pessoas envolvidas em episódios ocorridos durante a Ditadura Militar, não aconteceu. De acordo com o procurador da República, Eduardo Santos de Oliveira, o ex-funcionário da Usina Cambaíba, Erval Gomes da Silva, se resguardou e invocou o direito constitucional de permanecer em silêncio, e que só falará em juízo.
O confronto seria entre Erval e o ex-delegado do Departamento de Ordem e Política Social (Dops), Cláudio Guerra. Durante a ditadura, a Usina Cambaíba seria usada para incinerar corpos de possíveis vítimas do regime militar.
A acareação iria instruir o procedimento investigatório criminal instaurado para apurar fatos relativos a eventual violação de direitos humanos e incineração de corpos na indústria.
“Hoje (09/10) foi ouvida a esposa do ex-delegado Cláudio Guerra e o depoimento dela, que durou quase duas horas, foi bastante significativo. Logo após faríamos a acareação entre Cláudio e Erval, já que seus respectivos depoimentos foram bem divergentes. Quando foram postos frente a frente, Erval invocou o direito ao silêncio. Já Cláudio Guerra, ratificou tudo que já havia dito”, informou o procurador.
Para Eduardo, a decisão tomada pele ex-funcionário da usina teve seu valor. “Ainda tem muita gente para ser ouvida. A audiência de hoje (09/10) foi positiva, e diante da decisão dele [Erval] em se manter calado, eu posso tirar minhas conclusões”, declarou o procurador afirmando que antes de virar o ano terá uma opinião formada a respeito do caso.
RECONSTITUIÇÃO DA INCINERAÇÃO
Em agosto deste ano, o MPF realizou uma reconstituição do episódio de incineração de corpos na usina. Para a reconstituição dos fatos, foram usados manequins. Na ocasião, o ex-delegado Cláudio Guerra indicou como os corpos eram trazidos e jogados no forno da Usina Cambaíba.
"Cláudio Guerra, apesar de colaborar, é um assassino frio e confesso. Foi braço do Regime Militar e merece pagar à justiça por suas atrocidades. A reconstituição mostrou que a queima era possível. Vamos prosseguir nas investigações”, destacou o procurador Eduardo Santos
As investigações sobre a incineração de corpos na usina foram abertas em maio de 2012. Na época, foi instaurado procedimento investigatório criminal para apurar declarações do ex-delegado no livro “Memórias de uma guerra suja”.
Publicidade


Fonte: REDAÇÃO

Nenhum comentário:

Postar um comentário