sábado, 11 de outubro de 2014

Ex-diretor da Petrobras atuou para candidato do PT no Rio


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O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa trabalhou para o senador Lindbergh Farias (PT) na eleição deste ano para o governo do Rio e recebeu como uma de suas incumbências pedir doações a empreiteiras em nome do candidato.
Trata-se do primeiro caso concreto da participação de Costa numa campanha política do PT com a tarefa de arrecadar recursos.
Costa e o doleiro Alberto Youssef fizeram acordo de delação premiada e prestaram depoimento à Justiça Federal na quarta-feira (8). Deflagrada em março pela Polícia Federal, a Operação Lava Jato investiga esquema de lavagem que teria movimentado R$ 10 bilhões. Segundo a PF, uma “organização criminosa” atuava na Petrobras.
Nos depoimentos, os dois disseram que o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, intermediava os recursos desviados de obras da estatal para o partido. Na citação a Vaccari, contudo, eles não fizeram menção a campanhas políticas.
Na operação, a PF apreendeu na casa de Costa uma planilha manuscrita com os nomes de empresas, a maioria empreiteiras que prestam serviços para a Petrobras. Na planilha, havia anotações sobre a colaboração para uma campanha, mas sem menção ao nome do político.
No depoimento desta quarta, Costa foi questionado pelas autoridades sobre do que se tratava a planilha apreendida em sua casa. Ele contou que, no início deste ano, foi procurado por um candidato ao governo do Rio. Pelo acordo de delação, Costa não podia mencionar nomes de políticos com foro privilegiado no depoimento da quarta.
A Folha apurou que Costa se referia a Lindbergh. Por meio de sua assessoria, o petista confirmou que Costa participou de três reuniões de sua campanha, mas, segundo ele, somente para tratar da elaboração do programa de governo na área de óleo e gás.
No depoimento, Costa realmente disse que foi procurado por um candidato para participar de seu programa de governo na área de energia. Contudo, o ex-diretor da Petrobras informou que, numa das reuniões, foi lhe entregue uma lista com o nome de empreiteiras que poderiam contribuir.
“Eu participei eu acho que de umas três reuniões com esse candidato lá do Rio de Janeiro, como outras pessoas também participaram. E foi listada uma série de empresas que podiam contribuir com a campanha para o cargo político que ele estava concorrendo. E essa planilha foi, então, encontrada na minha casa”, disse Costa.
Num primeiro momento, Costa negou que houvesse sido procurado para intermediar contribuições. Mas logo em seguida disse que recebeu um pedido para que fizesse contato com as empresas. “Foi solicitado que houvesse a possibilidade de que essas empresas participassem da campanha. Foi isso, era uma candidatura para o Rio.”
Planilha
Na planilha apreendida na casa do ex-diretor da Petrobras, havia anotações sobre como seis empresas vinham se comportando em relação a contribuições para a campanha: Mendes Júnior, UTC/Constran, Engevix, Iesa, Hope RH e Toyo/Cetal. Em três casos (UTC/Constran, Engevix e Hope), há menção de que as empresas iriam colaborar ou aumentar a contribuição a pedido de “PR”, iniciais de Paulo Roberto Costa.
No pé da planilha, há também a anotação do nome Garreta, precedido de um asterisco. A OAS aparece também precedida de um asterisco.
O marqueteiro Valdemir Garreta, que há anos trabalha para campanhas de petistas, foi contratado por Lindbergh para cuidar da produção de sua campanha na TV e para prestar assessoria de imprensa. Segundo a Folha apurou, a empresa de Garreta também presta assessoria à construtora OAS.
No depoimento, Costa mencionou os nomes das empresas com as quais mantinha contato.
“Ele me contratou para fazer o programa de energia e de infraestrutura. Listou uma série de empresas, algumas que eu tinha contato, outras não. Hope RH, eu nunca tive contato. Mendes Júnior conheço, UTC conheço, Constran nunca tive contato, Engevix conheço, Iesa conheço, Toyo Setal conheço.”

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