quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Agredido por policiais no ES diz não conseguir andar após alta; veja vídeo


Corregedoria da PM apura se houve excesso de uso da força por policiais. 
Agressão aconteceu no sábado (27) e foi gravada por testemunha.

Naiara Arpini, Juirana Nobres e André FalcãoDo G1 ES
O operador de máquinas Wedson de Oliveira, de 31 anos, que foi agredido por policiais em um ponto de ônibus de do bairro Araçás, em Vila Velha, Grande Vitória, contou, na manhã desta quinta-feira (2), que está “muito machucado, nem conseguindo andar”. Toda a agressão foi filmada por uma pessoa que presenciou a cena. Segundo o autor do vídeo e a esposa do agredido, a confusão começou após o homem tentar entrar no coletivo pela porta traseira. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo (Sesp), disse que Wedson pulou a roleta do coletivo, discutiu 
com
 uma pessoa do ônibus e ainda teria agredido um policial militar. A Sesp também informou que a Corregedoria da Polícia Militar vai instaurar um procedimento para apurar se houve excesso no uso da força por parte dos militares.
O vídeo gravado por uma testemunha mostra a agressão de dois policiais militares a um passageiro que estava em um ponto de ônibus do bairro Araçás, em Vila Velha, Grande Vitória, no último sábado (27). As imagens registraram o momento em que os PMs imobilizaram o rapaz e utilizaram um cassetete para agredi-lo. Ao longo do registro, testemunhas gritavam e pediam por socorro, para que a agressão não continuasse. Depois, os policiais algemaram o rapaz e o levaram detido.
Motivação
A pessoa que fez o vídeo, e preferiu não se identificar, explicou que a confusão começou após o homem tentar entrar no coletivo pela porta traseira. A esposa do passageiro agredido confirmou a história. “Nós estávamos com nossos em três filhos, e o ônibus estava muito cheio. Por isso, 
eu
 entrei pela frente e ele entrou pela porta de trás. A nossa intenção é jamais andar de graça o ônibus, ele (o marido) é presbítero e eu sou missionária, nós temos que dar bons testemunhos. O cobrador não aceitou isso e disse que se ele não descesse ele chamaria a polícia. O meu esposo mandou ele chamar a polícia por que nós não devemos nada a ninguém”, contou.
Ainda de acordo com a mulher, uma outra pessoa também entrou pela porta de trás do ônibus, mas o cobrador cobrou a passagem apenas do marido dela. “O que aconteceu antes (da agressão) foi que meu esposo entrou no ônibus juntamente com uma mulher que pediu para abrir a porta de trás e ele entrou por último. O cobrador só cobrou a passagem dele sendo que ela também tinha entrado pela porta de trás”, disse.
Ainda segundo o autor da imagens, o cobrador também teria agredido o homem antes da chegada da polícia. No entanto, a empresa responsável pelo coletivo negou que a vítima tenha sido agredida pelo cobrador do ônibus.
Vídeo de agressão de policiais a passageiro no ES (Foto: Reprodução/ Facebook)Vídeo de agressão de policiais a passageiro no ES (Foto: Reprodução/ Facebook)
Segundo a polícia, o homem foi levado para o DPJ, mas não explicou ao delegado o motivo de toda a confusão. De acordo com a esposa, ele não disse nada à polícia antes porque queria que a história “acabasse logo”. “Eu acredito que ele não disse para que não levassem mais a frente esta confusão toda. Queria que aquilo acabasse naquele exato momento, mas já que esta pessoa gravou tudo e fez questão de colocar na televisão, agora a gente que velar a diante o que aconteceu”, disse.

Outra versão
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (Sesp), informou que, “de acordo com o delegado Felipe Pimentel Dias, plantonista na 2ª Delegacia Regional de Vila Velha, Wedson Rodrigues foi conduzido à delegacia após ter pulado a roleta do coletivo e discutido com uma pessoa dentro do ônibus. Com a chegada da Polícia Militar, o suspeito já alterado, foi retirado do veículo. Segundo Wedson e uma testemunha do fato, ele teria dado um soco no rosto do policial militar, mas alegou que não teve a intenção de desacatar o oficial”.
Ainda segundo a Sesp, como o outro envolvido na ocorrência, que teria discutido com Wedson no coletivo, não compareceu a delegacia para ser ouvido, os conduzidos foram liberados e o caso será encaminhado para investigação no 19º Distrito de Policia de Novo México.
A Secretaria também informou que a Corregedoria da Polícia Militar vai instaurar um procedimento para apurar se houve excesso no uso da força para vencer a resistência da abordagem policial por parte do detido. Caso a pessoa abordada queira registar uma reclamação quanto a atuação dos militares, deve procurar a Corregedoria da PM.
O Secretário de Segurança Pública, André Garcia, reforçou que a atitude dos policiais será avaliada, mas que a postura do passageiro antes da agressão também será investigada. “Eu ainda não tenho como taxar isso como agressão porque nós temos também informações de que o comportamento do cidadão no coletivo resultou na reação por parte da polícia, então é preciso ter cautela. Mas se for comprovado e demonstrado que houve excesso por parte dos policias, eles responderão pelo procedimento como está instaurado na Corregedoria”, informou.
Trauma
A esposa do agredido disse que a família está assustada com tudo que aconteceu e que espera justiça. “Para mim e para os meus filhos está sendo uma grande tragédia, a minha filha de 5 anos está traumatizada com essa cena, eu não suportei essa cena, desmaiei no meio do povo, por causa desta cena horrível que aconteceu. Eu quero saber das autoridades o que ele vão fazer”, disse.

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