quarta-feira, 10 de setembro de 2014

MPF receberá prêmio por investigação de incineração na Cambaíba


Investigação teve início em 2012 com a criação da Comissão Nacional da Verdade
 Marcelo Esqueff

Investigação teve início em 2012 com a criação da Comissão Nacional da Verdade

O Ministério Público Federal (MPF) e o procurador geral da República, Eduardo Santos de Oliveira receberão nos próximos 23 e 27 de novembro, um prêmio internacional de reconhecimento pelo trabalho investigativo do possível caso da incineração dos corpos na Usina Cambaíba.
A Associação Internacional de Procuradores (IAP) premiará procuradores de vários estados que tiveram sucesso em suas investigações em assassinatos, sequestros, torturas e outras graves violações de direitos humanos, praticados por agentes públicos durante a ditadura militar.
A IAP congrega e representa mais de 170 procuradorias-gerais e associações de classe ao redor do mundo e que atua como órgão consultivo da Organização das Nações Unidas (ONU) em matérias afetas ao funcionamento dos Ministérios Públicos, bem como aos direitos e garantias de seus membros. Esta é a primeira vez que um procurador é premiado internacionalmente.
O prêmio do MPF é referente a investigação que se iniciou no ano de 2012 a partir da criação da Comissão Nacional da Verdade (CNV), com o objetivo de apurar graves violações de direitos humanos, que aconteceram entre os anos de 1964 e 1985, período da ditadura no país.
No último dia 19 de agosto, depoimentos e uma reconstituição organizada pelo Ministério Público Federal (MPF) sobre a possível incineração de corpos de presos políticos que teria ocorrido em fornos da Usina Cambaíba, em Campos.
O ex-funcionário da usina, Erval Gomes da Silva, e o ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPs) do Espírito Santo e ex-agente do Serviço Nacional de Informações (SNI), Cláudio Guerra são investigados por terem praticado queima de corpos de agentes do exército, principalmente do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Cláudio Guerra explicou a dinâmica do crime, desde quando o carro em que os corpos eram levados até a usina e o momento em que as vítimas eram queimadas.
"Os corpos vinham da Casa da Morte, como era conhecido o ponto clandestino de tortura dos militares, que fica em Petrópolis. As vítimas já chegavam à cidade de Campos, torturadas e mortas, além de serem colocadas em um saco plástico antes de serem colocadas no forno”, disse o ex-delegado ressaltando que além dele, também participavam da incineração, o Erval Gomes, o Zé Crente [também ex-funcionário da usina que já é morto], além de policiais que davam suporte aos suspeitos.
A Casa da Morte era de propriedade do coronel Freddie Perdigão. Segundo o procurador, a motivação para todos estes crimes acontecerem seria o medo de donos de usinas perderem suas terras.
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Fonte: REDAÇÃO / ASCOM

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