segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Caseiro condenado por matar casal Staheli vai para o semi-aberto no Rio


Casal foi brutalmente assassinado a golpes de pé-de-cabra em 2003.
Crime ficou cercado de mistério até caseiro confessar o dupla assassinato.

Do G1 Rio
Deve voltar às ruas a qualquer momento o caseiro Jossiel Conceição dos Santos que foi preso depois de confessar o assassinato brutal do casal norte-americano Todd e Michelle Stahelli em um condomínio de alto padrão na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Preso há mais de dez anos, ele foi beneficiado pela progressão da pena para o regime semi-aberto. O crime ocorreu em novembro de 2003 e repercutiu internacionalmente.

Conforme informou a GloboNews, o benefício foi concedido em março pela juíza Natasha Maculan Adum Dazzi, da Vara de Execuções Penais (VEP). Ela considerou que Jossiel já cumpriu tempo hábil para progressão da pena e que teve bom comportamento na cadeia desde que foi preso.

O advogado Edmilson Pereira, que representa Jossiel, diz que pedirá à Justiça autorização para que o preso saia da cadeia para visitar à família. O regime semi-aberto foi concedido em março, mas ele só pode deixar a prisão de dia depois de comprovar ter conseguido emprego ou a visita periódica ao lar.
Jossiel foi preso quatro meses após a morte do casal Staheli (Foto: TV Globo / Reprodução)Jossiel foi preso quatro meses após a morte do
casal Staheli (Foto: TV Globo / Reprodução)
Laudos criminológicos divergentes
Jossiel foi condenado em março de 2006 a 25 anos de prisão por latrocínio [roubo seguido de morte]. Em 2009 um laudo emitido por uma psicóloga da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) atestou que ele era um homem frio e que não se mostrava arrependido pelo crime que cometeu, o que demonstrava a necessidade de mantê-lo no regime fechado.

No entanto, menos de um ano depois um novo laudo, assinado pela mesma psicóloga, informou que o caseiro se mostrava “simpático, sorridente e educado”, sendo favorável à concessão do semi-aberto para o condenado.

Para o advogado Breno Melaragno, conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Rio de Janeiro, a falta de acompanhamento psicológico periódico de presos com suspeita de insanidade mental pode induzir a Justiça ao erro. Ele defende que a elaboração dos laudos criminológicos seja feita de forma sistemática.

De acordo com a Seap, nove médicos psiquiatras, 69 psicólogos e 84 assistentes sociais formam as equipes responsáveis por elaborar os laudos criminológicos no estado. A secretaria esclareceu que o atendimento é prestado quando o preso ingressa no sistema penitenciário ou quando é necessário.

Vingança após ofensa racial
Jossiel Conceição dos Santos foi preso quatro meses após o crime depois de invadir uma casa, no mesmo condomínio onde o casal morava. Ele trabalhava como caseiro de uma família vizinha do casal.

À época em que foi preso, Jossiel confessou à polícia o assassinato. Ele disse que agiu motivado por vingança por, supostamente, ter sido ofendido por Todd. O caseiro disse à polícia que foi chamado de “crioulo” e que sentiu ódio por isso.

Crime quase perfeito
O assassinato do casal norte-americano foi cercado de mistério. Todd e Michelle foram mortos enquanto dormiam. Não havia sinal de arrombamento na casa e os filhos do casal não ouviram nada.

Até a prisão e confissão de Jossiel, a polícia chegou a trabalhar com 13 hipóteses, como disputas profissionais, motivos religiosos e briga familiar. A filha mais velha e o motorista da família chegaram a ser apontados como suspeitos.

Agentes do FBI acompanharam as investigações e ajudaram a traçar o perfil do assassino. Mergulhadores usaram detectores de metal para tentar encontrar a arma do crime no fundo da lagoa que fica atrás do condomínio.

Peritos chegaram a afirmar que tratava de um crime perfeito. A polícia não encontrou impressões digitais de gente estranha à família. Jossiel explicou que não tocou nas maçanetas e teria usado o pé-de-cabra pra abrir a porta da sala, que não estava trancada.

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