quinta-feira, 17 de julho de 2014

Professor diz que transposição do Paraíba trará problemas para região


Solução seria um projeto de regularização da vazão do rio, ainda a ser estudada
 Ururau/Arquivo

Solução seria um projeto de regularização da vazão do rio, ainda a ser estudada

O Rio Paraíba do Sul vive atualmente a cota mais baixa de toda a sua história. Medindo aproximadamente 4,80, o rio está abaixo até mesmo da régua de medição, que é de 5 metros. Como se não bastasse, a transposição proposta pelo governo do estado de São Paulo, se aprovada, irá agravar ainda mais os problemas já causados pela baixa vazão. O diretor do Comitê Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana, que abrange as regiões Norte e Noroeste Fluminense, João Gomes Siqueira, disse que apesar dos esforços, as chances de não haver a transposição são pequenas.
Nesta semana, na sede da Agência Nacional de Águas (ANA), um grupo técnico de trabalho foi criado com representantes dos três estados que dividem a bacia do Paraíba do Sul: Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais; do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap) e ANA.
A proposta do governo do estado de São Paulo é de interligação do reservatório Jaguari, localizado na bacia do Rio Paraíba do Sul, ao reservatório Atibainha, que integra o Sistema Cantareira, localizado na bacia do Rio Piracicaba. O que criou um assombro no estado do Rio de Janeiro e a intervenção do Ministério Público Federal (MPF) foi a possibilidade de insegurança hídrica do estado e a exigência de que não se cause prejuízos aos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, e impactos negativos à Bacia do Paraíba do Sul.
“A seca nos reservatórios do Rio Paraíba e em São Paulo fez com que a vazão de Santa Cecília ficasse reduzida, e com isso o governo paulista quer fazer mais uma retirada de água do Paraíba, e nós estamos se posicionando contra isso. Todos os impactos que virão serão nossos, sem contar que isso também reduzirá a vazão daqui da região”, alertou João Gomes.
Siqueira, que também é professor de zootecnia e nutrição animal na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) Darcy Ribeiro, falou que apesar dos esforços feitos pelo grupo, a equipe não está otimista, pois são milhões de pessoas querendo a água do Paraíba dos Sul contra apenas 620 mil.
“O Comitê foi formado em 2009 e é esse grupo que está representando a região nas reuniões. Esse grupo de trabalho foi formado no dia 25 de maio, mesma época em que começou a redução do rio em razão da seca. O fato de não estarmos otimistas é que, por exemplo, a cidade do Rio de Janeiro possui aproximadamente 9 milhões e 500 mil habitantes, sendo que 96% da população bebe água do Paraíba. Então se for pra tirar de alguém, eles vão tirar é da gente”, lamentou o diretor acrescentando que as reuniões do grupo técnico acontecem quinzenalmente na cidade de Resende, no Rio.
PROBLEMAS E SOLUÇÕES
Segundo informou João Gomes, caso seja aprovada a transposição, os transtornos que já são vivenciados pela população de São João da Barra causados pela salinização, será ainda mais agravado. “Além disso, o nível do rio vai ficar ainda mais baixo, prejudicando pecuaristas e causando agravos para o setor pesqueiro. Uma das soluções apresentadas, e isso será discutido, seria um projeto de regularização da vazão do rio. Dessa forma, tanto represas quanto as nascentes no Noroeste, seriam preservadas, aumento assim, a vazão do Paraíba”, concluiu o professor.
AÇÃO CIVIL
O Ministério Público Federal (MPF) em Campos moveu uma ação civil pública, com pedido de liminar, contra a União, a Agência Nacional de Águas (ANA), o Estado de São Paulo e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para impedir a transposição do Rio Paraíba do Sul.
O grupo formando terá até o fim de setembro para apresentar uma proposta que atenda às necessidades de São Paulo.
Em 9 de abril, a ANA promoveu a primeira reunião técnica entre as partes com o objetivo de harmonizar dados hidrológicos, demandas futuras e qualidade da água na bacia, para que os estados avaliem o projeto com base nos mesmos dados de referência.
Segundo dados divulgados pelo G1, na região do Médio Paraíba do Sul sete municípios dependem do Paraíba: Aperibé, Itaocara, Cambuci, São Fidélis, Campos, São João da Barra e São Francisco de Itabapoana, sendo mais de 620 mil habitantes.
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Fonte: URURAU

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