quarta-feira, 16 de julho de 2014

Homem é preso por ajudar melhor amiga cometer suicídio em Cariacica na grande Vitória


A arma utilizada pela vítima para se matar foi vendida pelo eletricista, a quem ela disse, em carta, ser o melhor amigo

De ombro amigo a fornecedor da arma do crime. Essa foi a descoberta da Polícia Civil ao investigar o misterioso suicídio da auxiliar de serviços gerais Maria de Lurdes Teixeira, 54 anos. A arma usada por ela para tirar a própria vida foi vendida à auxiliar pelo melhor amigo dela, o eletricista Osmar Pereira, 47 anos. Ele foi preso na última sexta-feira acusado de ajudá-la a cometer suicídio, atitude considerada crime pela legislação brasileira. Maria de Lurdes foi encontrada morta, no dia 15 de janeiro, dentro do quarto da casa onde morava, no bairro São Conrado, em Cariacica.
 
Foto: Marcos Fernandez
Maria de Lurdes (em destaque) sofria de depressão. Se condenado, acusado pode ficar preso por 16 anos


Antes de puxar o gatilho da arma, Maria de Lurdes ligou para o ex-namorado com quem havia discutido no dia. Ele chegou a ouvir os tiros do outros lado da linha telefônica.

O delegado Adroaldo Lopes, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPM), disse que a cena era de um suicídio, porém, alguns detalhes intrigaram a polícia. “Tudo levava a crer que a era um suicídio. Porém, a arma do crime não estava no local e havia marcas de sangue na parede”, destacou o delegado. Ela se matou com um tiro no peito.
 
Cartas

Os investigadores procuraram por testemunhas até que chegaram no nome do eletricista Osmar Pereira. “Em uma das três cartas deixadas pela Maria de Lurdes, ela se despede dele como uma dos grandes amigos e chega a deixar uma carta para os peritos afirmando que comprou a arma na Feira de Aribiri, uma tentativa de evitar incriminar o amigo”, descreveu o delegado.

O eletricista havia vendido a arma para Maria de Lurdes por R$ 300, cerca de três dias antes. “Ele sabia que ela sofria de depressão e que já havia tentado suicídio”, pontou Adroaldo Lopes.

Acusado retirou garrucha da cena do crime 

Segundo as apurações dos investigadores da polícia, no dia do crime, Osmar Pereira foi chamado por uma amiga da auxiliar de serviços gerais, que dividia a casa com ela. “Ela o chamou no bar em frente à casa depois que Maria de Lurdes gritou para a amiga sair de casa e, então, se matou. Logo, o acusado disse que havia vendido a arma para a amiga e retirou a garrucha do local do suicídio”, disse o delegado Adroaldo Lopes. 

Maria de Lurdes sofria de depressão, anorexia e havia terminado um relacionamento amoroso complexo. “Ela não tinha filhos e morava com uma amiga. Minha irmã já havia tentado se matar cortando os pulsos, em dezembro”, lembrou a irmã, Luzimar Teixeira. Ela contou que ainda não acredita que a irmã se matou. “Tudo é muito estranho para nós”, desabafou. 

No dia 15 de janeiro, ela havia brigado novamente com o ex-namorado, antes de tirar a própria vida dentro do quarto da casa onde vivia.

Entrevista 

“Não pensei que ela pudesse fazer isso” 

Detido após um mandado de prisão, desde a última sexta-feira, o eletricista Osmar Pereira conhecia Maria de Lurdes há 5 meses e diz não achar que colaborou no suicídio da amiga. Ele jogou a garrucha em um riacho. 

Por que você vendeu a arma para a Maria de Lurdes? 
Para a segurança dela, pois morava em um local muito perigoso e vivia sozinha.

Você não pensou o que ela poderia fazer com a arma? 
Eu nunca imaginei isso. Nos conhecemos em um bar, sempre a ajudei e nunca pensei que ela pudesse fazer uma coisa dessas. Ela era gente boa demais.

Você sabia que sua amiga tinha depressão? 
Eu sabia. Por isso, acho que, mesmo se eu não vendesse a arma, ela acabaria se matando do mesmo jeito. Ela já havia tentado isso antes.

Por que retirou a arma do quarto onde ocorreu o suicídio? 
Foi burrice da minha parte. Eu deveria ter chamado a polícia e tudo isso estaria resolvido. Fiquei com medo de estar errado.

O que diz a lei 

Prisão do acusado Autuação Osmar Pereira foi autuado pelo crime previsto no artigo 122 do Código Penal, que considera crime prestar auxílio a uma pessoa que pretende cometer suicídio. No caso, ele forneceu a arma do crime. 

Agravante O caso se agrava, uma vez que ele sabia que a amiga tinha depressão. Ele também foi autuado em flagrante pelo crime de fraude processual, pois modificou a cena do crime, retirando a arma. Se condenado, a pena pode chegar a 16 anos de detenção.

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