sexta-feira, 25 de julho de 2014

Ditadura: surgem novos indícios sobre corpos queimados em Cambaíba


Segundo Cláudio Guerra, 13 corpos teriam sido incinerados na indústria campista
 Ururau Arquivo/Reprodução

Segundo Cláudio Guerra, 13 corpos teriam sido incinerados na indústria campista

Em depoimento prestado à Comissão Nacional da Verdade (CNV), em Brasília na quarta-feira (23/07), o ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) do Espírito Santo e ex-agente do Serviço Nacional de Informações (SNI), Cláudio Guerra, apresentou novas provas sobre incineração de corpos de militantes políticos contrários a Ditadura Militar, durante a década de 60 e 70. Na ocasião, ele disse que os militantes, que teriam sido mortos em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, tinham seus corpos queimados na Usina de Açúcar Cambaíba, em Campos.
Guerra reconheceu as imagens de 19 vítimas da ditadura, onde 13 teriam sido carregadas por ele para incineração na indústria campista, e ainda disse ter sido o autor do assassinato de um deles. O ex-delegado também afirmou ter matado outras cinco ou seis pessoas. Em depoimento, ele que é o personagem central do livro "Memórias de Uma Guerra Suja", declarou que o coronel do Exército Freddie Perdigão Pereira, que atuou no Doi-Codi de São Paulo e na Casa da Morte de Petrópolis e coordenou o atentado do Riocentro, provocou o acidente que resultou na morte da estilista Zuzu Angel, em abril de 1976.
Uma fotografia do local do suposto acidente, que foi apresentada por Guerra a CNV mostra o coronel Perdigão ao fundo, perto do veículo acidentado. Apontado como autor de torturas e assassinato de pessoas durante o regime militar, Freddie morreu na década de 90.
A filha do proprietário da Usina Cambaíba, Maria Cecília Ribeiro Gomes, discordou da declaração de Cláudio Guerra. Ela disse que a família desconhece qualquer envolvimento do proprietário, já falecido, com a ditadura. Informou que a Usina funcionava 24 horas e que seria impossível que pessoas tivessem sido mortas ali sem que alguém percebesse.
De acordo com a CNV, Cláudio Guerra já havia prestado três depoimentos reservados, mas na quarta-feira foi questionado sobre questões específicas relativas aos casos em que esteve envolvido diretamente ou dos quais teve conhecimento. Ele indicou nomes de outras pessoas e testemunhas que poderão ser ouvidos pela CNV em diferentes Estados que podem ajudar a elucidar ou trazer mais informações sobre os casos investigados.
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Fonte: REDAÇÃO/G1 NORTE FLUMINENSE

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