terça-feira, 22 de julho de 2014

Campos no corredor da riqueza


Renato Wanderley
Pesquisa da consultoria Urban Systems para a revista “Exame”, aponta as cidades brasileiras que formam corredores de riquezas e não param de crescer. Elas são chamadas por especialistas de eixos de desenvolvimento econômico, uma área formada por cidades, cujas economias progridem e se reforçam mutuamente, fazendo a região crescer rapidamente. De acordo com o estudo da consultoria, nas últimas décadas, dez eixos se formaram no Brasil, entre eles, o corredor Rio de Janeiro-Campos, alimentado, principalmente, pela indústria do petróleo. O levantamento da Urban Systems assegura que o PIB do eixo Campos-Rio é de R$ 339 bilhões, com crescimento médio, no período 2007-2014, de 10%, e uma população de 8,9 milhões, perdendo para o eixo São Paulo-Campinas, com um PIB de R$ 728 bilhões, população de 13,7 milhões, porém com uma taxa de crescimento menor, 9,6%, no mesmo período.

Para corroborar com a pesquisa, enquanto o fantasma do desemprego e a ameaça da recessão rodam várias regiões do país, o eixo Campos-Rio registrou resultado positivo na criação de novos postos de trabalho em junho deste ano. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do ministério do Trabalho, o saldo foi de mais de cinco mil empregos com carteira assinada.
Em matéria de desenvolvimento, ordenado ou não, Campos, Macaé e São João da Barra não têm o que reclamar. No eixo formado por Campos e São João da Barra, o Porto do Açu é a principal âncora. Nos canteiros de obras, estão sendo gerados 9,5 mil empregos.  O empreendimento da Prumo Logística, que já consumiu  mais de R$ 6 bilhões em investimentos, foi planejado para escoar minério de ferro, mas teve que alterar substancialmente seu planejamento por conta da proximidade com os campos da Bacia de Campos e do pré-sal.  A área industrial está se preparando para atender a indústria do petróleo. Das 11 empresas que estão se instalando no Açu, nove são ligadas ao setor de petróleo.

Enquanto não decola, o Complexo Logístico e Industrial Farol-Barra do Furado, também mira na extração do ouro negro. Esta semana a prefeita de Campos, Rosinha Garotinho conseguiu, através da secretaria nacional dos Portos, R$ 343 milhões para serem investidos em obras de infraestrutura do empreendimento.

Petróleo e gás atraem mais investimento

O crescimento da região também foi detectado pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.

Em uma apresentação durante o Rio Conferences, ele afirmou que o setor de petróleo, gás e o pré-sal fazem com que o Estado do Rio apresente perspectiva diferenciada em comparação com outros estados, como região com maior possibilidade de crescimento e atração de investimentos. “O Rio tem todas as condições de projetar no futuro muito alvissareiro de progresso e desenvolvimento, como em poucas oportunidades essa perspectiva se manifestou de maneira positiva. Toda  a região toda litoral vai ter oportunidade de desenvolver grandes complexos portuários, logísticos e de produção de equipamento. Há uma oportunidade real a ser capturada pelo Estado do Rio”, destacou Coutinho.

Grandes empresas chegam à cidade

Graças aos milionários empreendimentos que chegam à região Norte fluminense,   Campos passa por surto de desenvolvimento nunca visto em sua história, nem nos áureos tempos da indústria do açucar. Com tantos prédios  em construção, a cidade cresceu para cima. Um setor que não viu sinal de crise, foi o da construção civil.

Por conta do seu lugar de destaque no desenvolvimento regional, várias empresas de serviços começam a aportar na cidade, de olho nos trabalhadores do Porto do Açu e de outros empreendimentos. São empresas de hotelaria, urbanismo, construção civil, supermercados, shopping e lojas chegando à cidade, oferecendo empregos e aumentado a renda per capita do município.

Até o outrora pacato e silencioso Aeroporto Bartolomeu Lisandro está acompanhando o desenvolvimento do município. Nos últimos quatro meses, o terminal teve um aumento de 31% relação ao mesmo período de 2013, em número de passageiros, e de 22% em pousos e decolagens.

A empresa Azul, que opera no aeroporto, prometeu aumentar o número de voos entre Campos e Rio, após reunião realizada com autoridades municipais,  quando a prefeitura apresentou um estudo sobre o aumento da demanda do transporte aéreo da região. Atenta a esse detalhe, a voadora já pediu autorização à Anac para operar um voo para o Aeroporto de Vracopos, em  Campinas. Campos ligada a São Paulo. Quem diria.  

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