Impasse entre médicos e diretores da Santa Casa longe de ter um fim
Carlos Grevi
Nova data foi marcada para o início de agosto para definir a situação
Muita discussão e pouco entendimento marcaram a audiência pública, entre a diretoria do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Campos e representantes [advogados] dos 22 médicos, que compõe a equipe atuante nos 30 leitos da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) local. A reunião, que durou quase três horas e teve como objetivo apurar a suposta falta de condições de trabalho e possível desligamento da equipe médica responsável pelo setor foi realizado no início da tarde desta quinta-feira (18/08), na sede do Ministério Público (MP) de Campos.
Os questionamentos tiveram início após representantes da Santa Casa apresentarem uma lista com os nomes do novo corpo clínico e coordenadores que iriam ocupar os lugares dos médicos demitidos. Para os advogados da ex-equipe médica, a listagem é uma mentira, pois a maioria dos profissionais citados nela é incapaz de exercer suas funções.
“Ali tem médico de quase 70 que teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e não tem a mínima condição de atuar numa UTI, outro que foi atropelado e se encontra acamado sem possibilidade de operar, outro que é um clínico geral e não trabalha em UTIs, entre tantos outros incluindo membros da equipe que foi demitida”, pontuou um representante da equipe.
Segundo um dos advogados da equipe composta pelos 22 médicos demitidos, Tiago Lisboa Telles Ferreira, a demissão ocorreu após a equipe ter denunciado a situação em que se encontrava a unidade hospitalar a secretaria municipal de Saúde. Segundo ele, os profissionais estariam impossibilitados de trabalhar, pois faltavam insumos para o funcionamento da UTI.
“Eles foram mandados embora por terem aberto a boca”, lamentou o advogado informando que a denúncia chegou ao órgão público no início de junho e no dia 12 os funcionários teriam sido mandados embora. No MP a denúncia foi notificada em 3 de julho.
O provedor da Santa Casa, Benedito Marques, afirmou que antes mesmo de setembro deste ano a unidade hospitalar irá contar com 10 novos leitos e matérias de qualidade. “Esses leitos estarão em pleno funcionamento a partir do dia 1° de setembro. A nova equipe médica também estará atuando a partir dessa data”, informou.
Uma nova data foi marcada para que seja dada continuação ao fato em si, e com isso, chegar a um comum acordo. Durante a audiência, o promotor titular da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Campos, Marcelo Lessa, designou o dia dois de agosto, às 10h, para que seja definido como ficará a situação das partes envolvidas. “Todos os presentes foram intimados e estou notificando o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) local”, acrescentou.
Participaram da audiência representante da secretaria de Saúde, advogados, médicos, e outros representantes da Santa Casa.
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